quinta-feira, 28 de novembro de 2019
A rosa azul de Novalis
"A rosa azul de Novalis", de Rodrigo Carneiro e Gustavo Vinagre (2019)
Confesso que sou um fã dos trabalhos do inquietante cineasta, ator e roteirista Gustavo Vinagre. Desde "Nova Dubai", não perco nenhum de seus trabalhos, que sempre têm como tema a sexualidade exposta de forma absolutamente pulsante e poderosa, seja através de imagens explícitas ou em diálogos acaloradamente eróticos e reveladores.
Uma espécie de "Filosofia da alo cova", de Marques de Sade, o filme é composto de divagações da vida do ator paulistano Marcelo Diorio, protagonista do filme. Assim como em seu filme anterior, o delicioso e divertido 'Lembro mais dos corvos", com a atriz trans Julia Katherine fazendo revelações acerca de seu trabalho como atriz e abrindo sua alma para afalar de abusos sexuais, trabalho e amor ao cinema, dessa vez Marcelo Diorio revela suas atividades sexuais para o espectador.
Como falar de um filme cuja primeira imagem é um close no ânus, e última imagem, é o mesmo Ânus ampliado por um alargador? Afinal, quem é o protagonista? O ânus ou Marcelo Diorio? Ou ambos?
A rosa azul do título é o Ânus de Marcelo, que diz ter vivido vidas passadas, incluindo uma que conviveu com o poeta Novalis na Alemanha do Século XVII. Novalis fala da sua convivência com o vírus do HIV, sobre seus parceiros sexuais, detalhados com bastante intimidade e mais do que as declarações, ele se expõe em cenas de sexo explícito, fazendo sexo com um parceiro anônimo. Os diálogos, alternando vivências poéticas e exposições realistas, como a relação incestuosa com seu irmão, são descritas muito despojamento, alternando pornografia e erotismo, sem que isso seja algo censurável.
Com imagens belamente captadas pela câmera, "A rosa azul de Novalis" participou de importantes Festivais de cinema, como Berlim, IndieLisboa e Tiradentes. É difícil indicar o filme, pois para poder assisti-lo é preciso ter um desprendimento em relação a tabus e fetiches. Mas quem or assistir, é certo de que nada será como antes.
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