sexta-feira, 3 de junho de 2016
Ponto zero
"Ponto zero", de José Pedro Goulart (2015)
Estreia na Direção do curta-metragista e publicitário gaúcho José Pedro Goulart, esse excelente drama psicológico busca referências em David Lynch e Scorsese em " After hours", além de "Repulsa ao sexo" de Polansky. Todos esses filmes trabalham com a fantasia do delírio mental e a claustrofobia. Registrando uma Porto Alegre angustiante e sufocante, Goulart busca na história do adolescente Enio ( Sandro Aliprandini) uma metáfora da vida apática e silenciosa que habitantes da cidade grande encontram em sua trajetória de amadurecimento e sobrevivência. Enio sofre bullying na escola e em casa ele observa a discussão entre sua mãe ( Patricia Selonk, do Grupo Armazém) e seu pai, um radialista que trabalha de noite e não volta para casa para dormir ( Eucir de Souza). Para sair desse mundo, Enio se refugia em seu passado e em seu mundo quase autista.
Brilhantemente fotografado por Rodrigo Graciosa, que traz um olhar melancólico na sua luz, e com trilha sonora estupenda, o filme trabalha com silencio, atmosfera e muito clima entre planos estilizados e cinematograficamente vibrantes. Uma grande surpresa que merece chance entre os espectadores que buscam algo inovador e autoral. Os atores , com destaque para o menino Sandro , estão formidáveis.
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