quarta-feira, 22 de junho de 2016
Mundo deserto de almas negras
"Mundo deserto das almas negras", de Ruy Verediano (2015)
Realizado por uma cooperativa independente de profissionais de audiovisual de São Paulo, chamada de Heavybunker, entre eles o renomado fotógrafo Alziro Barbosa, "Mundo deserto de almas perdidas" é estilização à toda prova. O interesse da cooperativa é faezr filmes de baixo orçamento, porém com um olhar diferenciado sobre os gêneros, com um olhar mais autoral. É um filme de cinéfilos para cinéfilos. A todo instante, você vai encontrar referências cinematográficas. Em alguns momentos, pensei estar diante de algo no estilo de "13o andar" ou "Cidade das sombras". Daí parte para algo meio anos 80 high tech neon, tipo "Subway" de Luc Besson ou os filmes de Jean Jacques Beineix. Acrescente Spike Lee de "Faça a coisa certa", e um pouco do noir revisitado de "Sin City". Toda essa mistura batida no liquidificador vem acrescido de uma geléia geral da musica pop brasileira, que vai de hip hop a soul, de sertanejo eletrônico à mpb. é um filme de fato que nasceu com a aura cult.
A trama é complexa, e em algum momento me perdi no caminho, mas logo vim a me recuperar. São muitos personagens que vão surgindo na trama que vem e que vão, daí é preciso estar sempre atento.
A trama se passa em São Paulo, mas uma São Paulo ao mesmo tempo real e distópica. A Avenida Paulista parece cenário de "Alphaville", de Godard, de tão fria e soturna. A brincadeira da trama é inventer os papéis raciais: os negros são os poderosos e o topo da elite, e os brancos e orientais, os sub-empregados e moradores de periferia.
Oscar é um jovem advogado, que recebe a missão de levar celular até um presídio de alta periculosidade. No caminho de volta, ele é assaltado e levam o aparelho. A partir dái, sua vida corre perigo.
Dito assim, tudo parece simples. Mas a forma de narrar essa trama é muito bem cuidada, com muitos movimemtos de câmera interessantes e enquadramentos rebuscados. No meio de tanta ousadia, uma cena particularmente não gostei: Oscar tem um sonho onde ele e outros 2 personagens negros têm rosto e corpos pintados de cores extravagantes. Não sei se era para brincar com o "Blackface", mas ficou duvidoso.
A fotografia de Alziro Barbosa é um dos pontos altos do filme.
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