domingo, 19 de junho de 2016

O fantasma da liberdade

"La fantôme de la liberté", de Luís Bunuel (1974) Penúltimo filme do mestre do surrealismo, foi rodado em 1974, logo depois de "O discreto charme da burguesia", filme que lhe valeu o Oscar de filme estrangeiro em 1973. 3 anos depois, rodaria seu último filme, "Esse obscuro objeto do desejo". Em "O fantasma da liberdade"", não existe um roteiro linear. São situações aleatórias, costuradas apenas pelo passar de bastão de um personagem para outro, sem propriamente existir uma lógica narrativa. Robert Altman foi um cineasta que usou bastante esse recurso narrativo. Em um episódio, um personagem é figurante, e no outro, vira protagonista. O título do filme é bem sintomático: aqui, Bunuel exercita plenamente a desconstrução da lógica, se livra das amarras de um roteiro que precisa ter inicio, meio e fim. São sequências que criticam todo o universo que Bunuel adora alfinetar em seus filmes: religião, burguesia. política. Algumas cenas são antológicas, como o jantar aonde as cadeiras são vasos sanitários, ou o desaparecimento de uma menina. O elenco consiste nos melhores atores franceses e italianos que Bunuel pode escalar: Monica Vitti, Jean Rochefort, Michel Piccoli, Adolfo Celi ( que vem a ser o médico, e ele foi ex-marido de Tonia Carrero.). Para quem não conhece o universo alucinado do Mestre, esse filme é um belo cartão de visitas. Muito provavelmente o grupo Monty Phyton se inspirou em Bunuel e nesse filme para produzirem seus filmes cáusticos.

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