quarta-feira, 1 de junho de 2016
Texasville
"Texasville", de Peter Bogdanovich (1990)
Baseado no livro de Larry Macmurtry, "Texasville" é a continuação de "A última sessão de cinema". Bogdanovich recupera os seus personagens do original de 1971 e, 19 anos, em 1990, resolveu desenterrá-los. O que é uma pena. O filme jamais deveria ter tido essa continuação totalmente descartável. "A última sessão de cinema " é uma obra-prima, um dos maiores clássicos americanos que fez história ao mostrar um retrato impiedoso da juventude no ano de 1951. O pecado maior dessa nefasta continuação, é trazer um humor totalmente descabido da gênese de seus personagens. Por exemplo, a personagem de Ruth, protagonizado por Cloris Leachman, que ganhou o Oscar de coadjuvante em 72 no papel da mulher reprimida sexualmente, aqui vira um pastiche da mulher moderna e independente: ela malha, usa roupas de academia e é toda liberal.
Duane ( Jeff Bridges), que no original ia para a Guerra da Coréia para encontrar um sentido para a sua vida, aparece 32 anos rico, dono de um poço de petróleo, porém já à beira de uma falência por conta da crise do petróleo que assola o mundo. Casado, vice uma crise no casamento, com sua esposa grávida e seus filhos rebeldes. Sonny ( Timothy Buttons) agora é o prefeito da cidade, mas está paranóico. Ruth ( Leachman) trabalha como secretária de Duane e Jacy ( Cybil Shepperd) é uma atriz de filmes B que trabalhou na Europa, mas volta para Anarene, Texas, para dar um tempo no divórcio e nos pensamentos do filho que faleceu. Todos se reencontram e botam suas vidas em jogo.
Longo, ritmo arrastado, humor datado, "Texasville" destrói por completo o carinho que o cinéfilo tinha com o filme original. O mais curioso é que o próprio Bogdanovich assumiu essa continuação, mas infelizmente perdeu por completo a mão. Ignorem a existência desse filme e fiquem apenas com o original.
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