"Kong bu feng zi", de Edward Yang (1986)
Falecido precocemente, em 2007, aos 59 anos, o cineasta Taiwanês Edward Yang ficou conhecido mundialmente com o seu filme "As coisas belas da vida". O filme lhe rendeu a palma de ouro em Cannes de melhor diretor em 2002. Muito se falou da influência de Truffaut e de Antonioni em seu cinema. "Oa terroristas" de 1986, lhe rendeu vários prêmios, entre eles do Locarno de Ouro. Aqui, as referências são próximas a Antonioni e Godard. Em ambos os filmes, o protagonista observa o mundo pelas lentes de sua câmera fotográfica. Só que em "As cosias belas da vida", é uma criança com o seu olhar ingênuo e pueril que observa o mundo. Aqui é um jovem fotógrafo em busca de flashes que retratam a violência do dia a dia de Taipei, capital de Taiwan. Em 'Os terroristas", acompanhamos várias histórias que acabam se entrelaçando, naquele chamado Filme painel, comum aos filmes de Robert Altman. Temos um fotógrafo, que fotografa um casal de delinquentes fugindo de um prédio cercado pela polícia. O rapaz é preso, mas a jovem é clicada pelo fotógrafo. Temos também um casal em crise: o marido espera uma promoção no hospital onde trabalha como médico. A esposa participa de um concurso de roteiro de novelas, mas está em crise criativa, e resolve ir atrás do ex-namorado para reacender o gosto pela vida. A jovem delinquente vai morar com a sua mãe, que a rejeita pela sua rebeldia. A jovem resolve fazer trotes pelo telefone, ameaçando a quem ela liga.
Todas essas histórias se entrelaçam de forma às vezes complexa, pois o roteiro mistura elementos reais com as da ficção criadas pela novelista. Os atores estão ótimos, e o filme tem aquela atmosfera de meados dos anos 80, através de figurino, maquiagem e penteados pavorosos. Edward Yang não usa trilha sonora, somente músicas diegéticas que tocam em rádios. É um filme de narrativa extremamente fria, ritmo lento, contemplativo, bem típico dos cineastas de Taiwan, como Tsai Min Liang e Hou Shiao Hseng, todos da geração New Wave que surgiu no país nos anos 80. É um filme sobre instabilidade, crise, personagens inconformados com a vida e o sistema.
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