"In cold blood", de Richard Brooks (1967)
Que obra prima! Baseado no famoso e polêmico livro escrito por Truman Capote no ano de 1966, o filme retrata de forma quase documental o brutal assassinato da família Clutter, fazendeiros ricos de Holcomb, Kansas. Dois criminosos, os losers Perry Smith (Robert Blake) e Dick Hickock (Scott Wilson), bolam um plano para invadir a casa e roubar dinheiro que acreditam estar em um cofre. Mas quando chegam na casa e descobrem que não há dinheiro, em m ímpeto de fúria, matam o pai, mãe e dois filhos.
O que torna a narrativa controversa é que o filme é todo narrado pelo ponto de vista dos criminosos. O filme apresenta os assassinatos apenas no ato final, deixando em aberto até então como ocorreu o assassinato múltiplo O espectador vai se afeiçoando ao personagem de Perry, um homem torturado por traumas do passado. A polêmica que desagradou tanta gente é que o filme procura humanizar e entender os motivos pelos quais os criminosos agiram com tanta brutalidade. A direção de Richard Brooks, o roteiro, escrito em conjunto com Truman Capote, a belíssima e dramática fotografia em preto e branco e a trilha sonora de Quincy Jones são grandes trunfos do filme. Mas o elenco merece palmas e aplausos de pé: todos, os dois criminosos, os familiares, os investigadores, todos os atores estão formidáveis. Tudo é realizado em formato documental, com bastante frieza narrativa e com economia de trilha. Uma aula de direção, edição e roteiro, o filme certamente influenciou muitos filmes que vieram depois, principalmente na cena final, com o cumprimento da pena de morte por enforcamento. Todo mundo copiou aqui, até mesmo "Dançando no escuro", de Lars Von Triers. A cena da confissão de Perry em frente à uma janela onde chove lá fora, é um primor de fotografia: o reflexo da chuva batendo na janela sobre o rosto de Perry faz sobrepor como se fossem lágrimas descendo de seu rosto. Genial.
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