"Black boys", de Sonia Lowman (2020)
Que documentário foda, até chorei no final. Um filme importante, necessário, que procura falar sobre a perda da auto-estima de boa parte da população negra, e em especial, o foco aqui do filme, dos meninos negros.
O filme é composto de depoimentos de jovens, historiadores, esportistas e sociólogos negros nos Estados Unidos. A questão do filme é entender como fazer o resgate da humanidade dos jovens, que vivem constantemente uma ameaça contra a sua integridade física e moral.
"Você precisa provar que você é excelente, maravilhoso, fora do comum, caso contrário, não te aceitam."; "Você precisa fazer sucesso, ou como esportista, ou como cantor de hip hop, as únicas profissões onde o negro é bem visto e onde as empresas investem bilhões de dólares"; "Mesmo que você entenda que esse mundo não foi feito para você, a sua humanidade é questionada o tempo todo". "Destruir o corpo negro é uma tradição, é uma herança". Frases assim são ditas por adolescentes e crianças no filme, que fazem parte de uma Ong onde estudam a sua cultura afro, e onde os educadores procuram ensiná-los sobre como a história representou o negro, para que todos os alunos saiam de lá fortalecidos e com condições de enfrentar o mundo de igual a igual.
É muito cruel assistir a anúncios publicitários, onde as crianças negras querem brincar com a Barbie branca e loira. Ou onde a dona de casa se lava com sabonete e sabão em pó, e a pele negra embranquece, associando a cor preta à sujeira.
Sociólogo comentam essa associação do mundo publicitário de que os negros são inferiores, associados a coisas ruins.
Em determinando momento, a diretora Sonia Lowman ( Obs: a diretora é branca, mas não parece haver nenhuma questão dos participantes do filme, tanto na frente quanto atrás das câmeras, sobre a legitimização dela fazer o filme) pergunta a um rapaz como ele se sente quando sente medo no olhar de uma mulher branca. O garoto responde que machuca, e daí, se emociona.
"Como a minha presença ofende você?"; "Estou cansado de mostrar minhas mãos para o alto o tempo todo, para provar que não carrego nada"; "É terrível quando você entra em um elevador e sente que todos ali não se sentem bem com a sua presença".
A cena final, é um alento, apontando para uma possibilidade remota, mas desejável: um pai dando banho em seu filho de 2 anos, e lhe pergunta: "O que você quer ser quando crescer?". O filho responde: professor, engenheiro. O Pai pergunta: "Quer ser esportista?". o filho diz que não.
Essas perguntas fazem um contraponto a quando Martin Luther King quiz estudar direito, e lhe negaram, dizendo que ele era negro e não podia.
A música "I'm a black man in a white world" ecôa no filme, cantada por Michael Kiwanuka. A música ideal para fazer todos refletirem sobr eo mundo em que vivemos.
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