"La notte brava", de Mauro Bonognini (1959)
Adaptação do livro de Pasolini, "Meninos da vida", "A longa noite de loucuras" teve roteiro escrito pelo próprio Pasolini, que viria a trabalhar novamente com Bolognini no próximo filme, "O belo Antônio".
"A longa noite de loucuras" é uma obra prima repleta de contexto erótico, principalmente homoerotismo, em cenas e olhares entre os personagens masculinos que denotam um desejo implícito, além de muitas camisas abertas mostrando os corpos masculinos filmados com muito ênfase na libido. LAnçado em 1959, um ano antes de "La dolce vitta", ambos os filmes têm muito em comum: a decadência moral da juventude italiana, que não consegue se espelhar no boom econômico do país. Desempregados, exploradores, marginais, os protagonistas vivem de dar golpes e achacar prostitutas.
Ruggero, Scintillone e Gino Bellabella são três amigos que roubaram 4 rifles, e querem repassar adiante, para ganhar dinheiro. Eles seduzem duas prostitutas, Anna e Supplizia, para poderem venderem as armas. A idéia é, depois de vender, transar com as prostitutas em uma região distante do centro e abandoná-las à sorte O que eles não esperavam, é que uma delas rouba o dinheiro. O trio passa a noite procurando por ela. Enquanto isso, conhecem outros 3 rapazes, que se juntarão a uma noite de anarquia.
O filme tem uma impressionante carga erótica, e tudo ali é bastante insinuado: sexo entre homens e mulheres, e sexo entre homens, tudo em troca de dinheiro. O filme te como metáfora a classe pobre desejando ascender socialmente. Em uma cena antológica, um dos rapazes, com o dinheiro roubado, vai aé um restaurante chique e exige para ele e sua namorada prostituta comerem os pratos mais caros do local, com direito à música ao vivo, só pelo prazer de desfrutarem, mesmo que por algumas horas, o prazer de ser rico. Excelente fotografia, trilha sonora com elementos de jazz e o elenco certamente mais lindo e fotogênico que você verá nesse filme que mistura neo-realismo italiano e existencialismo, além da nouvelle vague. A cena dos 6 rapazes, na mansão de um deles, se olhando, se desejando, é um primor de narrativa e direção.
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