"Sicily", de Danièle Huillet e Jean-Marie Straub.(1999)
Primeiro filme que assisto da dupla de cineastas franceses Danièle Huillet e Jean-Marie Straub. Casados há mais de 40 anos, realizaram inúmeros filmes em formatos de curtas, médias e longas, na Franca, Alemanha e Itália. O cinema deles é bastante radical, e o próprio Jean diz que eles vão contra o cinema comercial e de exposição, e o mais famoso caso aconteceu em 2005, quando foram homenageados pelo Festival de Veneza pela obra e se recusaram a aceitar a homenagem.
Daniele faleceu em 2006. Em "Gente de Sicília, lançado em 1999, o casal adaptou o livro de Elio Vittorini, Conversas em Sicília, publicada em 1938. Um escritor retorna para Sicília, 15 anos depois de ter ido morar em Nova York, para rever sua mãe. No seu retorno, ele conversa com um vendedor de laranjas no porto, com passageiros em um trem, sua mãe e depois com um amolador de facas.
As conversas são bastante contundentes em relação à sociologia, política e até assuntos banais, como quando conversa com o vendedor de laranjas e falam sobre o americano tonar café da manhã. A forma como o casal dirige é bastante radical: planos rigorosamente formais, estáticos, em um preto e branco estasiante. A escola de interpretação é a mesma usada por Robert Bresson e os seus famosos atores modelos: o elenco não expressa emoção, dá as falas de forma robotizada, dura. O filme não faz uso de trilha sonora, os planos tem tempos mais longos, de respiro. Não e um cinema para qualquer espectador, eu mesmo fiquei na dúvida se gostei do filme. Mas a beleza imagética do filme é inegável. O filme recebeu prêmio na Mostra de São Paulo, e concorreu em Cannes.
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