segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Eu me lembro

"Eu me lembro", de Edgard Navarro (2005) Vencedor de 6 Prêmios no Festival de Brasilia em 2005 ( Filme, Diretor, Ator, Atriz, Atriz coadjuvante e roteiro), "Eu me lembro"pega emprestado o mote de "Amarcord" de Fellini e faz um relato nostálgico de Guiga, alter-ego do cineasta Edgard Navarro. Nascido em Salvador em 1949, Navarro/Guiga mostra a sua relação conflituosa com o seu pai, carrancudo e violento, e de sua submissa e passiva mãe, sempre carinhosa, mas levando broncas sem fim do marido, que vive ameaçando a esposa. Acompanhando a trajetória do personagem dos anos 50 ao 70, passando pela ditadura, descoberta do ofício do Cinema , seus amores, paixões e envolvimento com o Movimento Hippie, é um filme ambicioso, que tem momentos muito lúdicos e poéticos, e outros, fica na tentativa de expor um Brasil ideal. A primeira parte do filme, que acompanha Guiga até sua adolescência, é a melhor. Talvez por flertar com a inocência de uma criança que descobre o sexo, seja mais divertido e mais cativante para o espectador. Edgard Navarro sempre foi ousado, e aqui ele não pouca nem o ator mirim, que aparece se masturbando e de pênis ereto. Talvez haja um exagero nessa visão sexualizada do menino do interior, mas não deixa de ser engraçado. E é também onde aparece a figura da mãe, brilhantemente interpretada por Arly Arnaud. Fiquei curioso pela filmografia de Edgard Navarro desde os seus bizarros curtas, em espacial "Super outro" e "O rei do cagaço". Em "O rei do cagaço", Navarro aparece em carne e osso defecando em lugares públicos de Salvador, sem cortes. O filme serviu como um manifesto e foi um verdadeiro escândalo. Impossível não deixar ficar arrebatado por tamanha ousadia. Infelizmente, 'Eu me lembro"fia no meio do caminho. A sua segunda parte fica didática. menos interessante e com uma visão um pouco caricata do que seria o Movimento hippie. No final, é um filme curioso dentro da filmografia nacional: narrado em voz nostálgica pelo próprio Cineasta, vale pelo olhar matuto e malicioso sobre a vida de um Artista desde a sua infância até a fase adulta.

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