sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Leviatã

"Leviatã", de Andrey Zvyagintsev (2014) O cineasta russo já oefereceu ao seu público 2 pequenas obras-primas: "O retorno"e "Elena". Dois filmes tensos sobre relações familiares decadentes. A sua forma de narrar esse tema é através da dor, da incomunicabilidade. Não é diferente com "Leviatã". Vencedor do Prêmio de melhor roteiro em Cannes 2014, e Vencedor do Globo de Ouro de filme estrangeiro, o filme foi execrado pelo Governo Russo, que o achou com ideais contrários a o que o Governo deseja propagar mundo afora. Segundo o livro do cientista político Thomas Hobbes, o termo Leviatã significa "O governo central seria uma espécie de monstro - o Leviatã - que concentraria todo o poder em torno de si, e ordenando todas as decisões da sociedade." O filme é uma aterrorizante parábola sobre o mal que habita no Ser humano. Em "Relatos selvagens", tivemos o episódio com Ricardo Darin sobre um homem às voltas com a burocracia e corrupção e que acaba preso por tentar defender, da sua forma, o seu ideal sobre o que é certo e o que é errado. A diferença é que em Buenos Aires, vive-se uma democracia como regime político. Na Rússia, apesar do estado ser democrático, pelas lentes do filme, o regime comunista deixou marcas profundas no Estado e na sua relação com a população. Kolya é um mecânico, que mora com sua nova esposa e seu filho da relação anterior em uma casa construída por sua família, de frente para o Mar. O prefeito da cidade deseja tomar a casa para si, para ali construir uma mansão. Para poder se defender com mais força, Kolya chama seu amigo Dmytri, um advogado que vem de Moscou. Dmytri traz consigo um dossiê que incrimina o prefeito por fatos re;acionados ao seu passado. Porém, o que parecia uma causa favorável,ganha contornos absurdamente trágicos após um enlace de traição matrimonial, que levará o filme a um desfecho ao nível de um "Brazil, o filme", mas sem o seu humor negro. DIreção extraordinária, com enquadramentos, direção de atores soberba, condução de cena e marcação precisa. O roteiro merecidamente ganhou Cannes, e surpreende o tempo todo. O filme ameaça começar como um drama familiar, com certo humor, mas aos poucos vai ganhando dimensão de filme de terror, tal a loucura que vai se sucedendo. Confesso que fiquei irritado com certos personagens, tal a passividade deles. Mas o filme é isso, é essa crítica feroz a um Estado que coibe seus habitantes. A trilha sonora é do mestre Philip Glass, e a fotografia antológica, de Mikhail Krichman, que fotografou todos os filmes do Cineasta. Muitas cenas deslumbrantes, e a triste sensação de achar que o filme é uma ficção , mas está próximo demais à nossa realidade. Que atores, as cenas de bebedeira são extremamente críveis. Fico até na dúvida se não beberam de verdade. Só achei o filme longo, quase 2 horas e meia. Nota: 8

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