domingo, 25 de janeiro de 2015
A hora da estrela
"A hora da estrela", de Suzana Amaral (1985)
Realizado em 1985, baseado no livro de Clarice Lispector, o filme abocanhou vários prêmios, entre eles 5 em Brasília e o Urso de Ouro de melhor atriz para Marcelia Cartaxo. 30 anos depois, o filme mantém sua força e beleza, através da triste historia de Macabéa, uma mulher simples da Paraíba que sela seu destino simplesmente porquê ousou ser feliz e sonhar. MIgrando para São Paulo, vinda da Paraíba, Macabéa é órfã e precisa aprender a ser esperta para sobreviver na selva de pedra. Mas ela é tímida, inocente, ignorante, pacata e em suas palavras, "nortista, virgem e gosta de Coca-Cola". Nessa sua simplicidade, ela encontra um emprego como datilógrafa e divide um quarto de pensão com outras 3 mulheres. Tudo em sua vida está um caos, mas ela administra tudo com muita simplicidade e sem pressa. Sua única amiga é Glória ( Tamara Taxman), colega fogosa do trabalho. O Sonho de Macabéa é ser atriz de cinema e casar. O príncipe encantado vem na figura de Olímpico ( José Dumont), metalúrgico perverso que maltrata Macabéa ao perceber que ela é mais ignorante do que ele. O filme ainda reserva uma participação antológica de Fernanda Montenegro como uma cartomante charlatã,
O grande trunfo do filme são os 4 atores citados, todos maravilhosos e em momentos especiais em suas carreiras. Os diálogos também são inspiradíssimos: cruéis, divertidos, secos.
A fotografia de Edgar Moura intensifica as cores de São Paulo através do ponto de vista de Macabéa: ora colorido, ora escuro e triste. A direção de Suzana Amaral aposta na simplicidade, e nesse caso, o foco são os atores. A trilha sonora somente erra no desfecho, na hora do carro se aproximando. Ela antecipa algo que irá acontecer, o que estraga a surpresa. É um filme que nos deixa triste, pela falta de perspectiva, pelo pessimismo, pela quebra do lúdico, pela tragédia humana que enfrentamos no dia a dia. Sonhos que se rompem, tempo que passa incólume.
Nota: 9
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