domingo, 11 de agosto de 2013

Camille Claudel 1915

"Camille Claudel 1915", de Bruno Dumont (2012) Não tem como começar um comentário sobre esse filme e não exclamar: "Puta que o pariu, que atriz essa Juliette Binoche!!!" Ela está excepcional, grandiosa, sublime no papel de Claudel. Talvez seja esse o seu melhor papel. Mentora do projeto, Binoche encontrou em Bruno Dumont ( Um dos meus cineastas mais celebrados) o ponto perfeito para se deixar entregar ao personagem tão sofrido, angustiado, amedrontado e desprovido de qualquer possibilidade de ser feliz. Dumont realizou um dos filmes mais impactantes da última década, "A humanidade", uma descida ao inferno sobre a tentativa de se descobrir o assassino de uma menina de 11 anos, estuprada e barbarizada. A sua narrativa sempre vai para a violência física e mental, para a constante angústia de seus personagens. O sexo sempre é doloroso e sofrido, tudo é desprovido de amor e de um futuro otimista. Seus personagens vez ou outra se encontram à mercê do cristianismo, colocando em prova o seu amor pelo Todo Poderoso e a descrença no ser humano. Diferente do filme de Bruno Nuytten com Isabelle Adjani e Gerard Depardieu, que fe zum relato biográfico da vida da escultura, Dumont centrou toda sua história no ano de 1915, quando Claudel já estava confinada em um manicômio ao sul da França. Internada por sua família, Claudel acredita que Rodin está por trás desse seu infortúnio. Que fortuna, machismo e ciúmes foram os temas responsáveis pelo seu encarceramento. No seu dia a dia, Claudel é confrontada com a convivência com pacientes doentes mentais, que a vão enlouquecendo. Ela espera a visita de seu irmão, a quem ela acredita poder ajudá-la a sair dali. Dumont espertamente centra a câmera em Binoche em vários momentos-chave, sem cortar o plano. Na cena da confissão para o médico, e a confissão para seu irmão, Binoche fica mais de 10 minutos mudando de emoção. Seu rosto vira um carrosel de sensações. Linda, sem qualquer maquiagem, Binoche se expõem em sua maturidade, cheia de rugas. A fotografia em tons azulados é belissimo. O filme tem um ritmo muito arrastado, os planos são longos , mas tudo em prol do cinema de reflexão. O tempo ali dentro do asilo não passa, e é essa sensação que o espectador sente. O filme tem cenas memoráveis, entre elas, a cena do teatro, impecável, emocionante. O último plano do filme também é de uma beleza impressionante. Ponto para Dumont e Binoche, que trouxeram esse presentaço para o público. Curiosidade: Dumont utilizou pacientes de verdade. Isso me causa um certo espanto e curiosidade: até que ponto podemos interferir na vida dos loucos? Afinal, no filme, eles "interpretam,", sofrem, etc. Nota: 9

Um comentário:

  1. Excelente sua forma de "ver" os filmes.
    Neste, entretanto, eu trocaria um nome desta frase e teria toda a motivação para este filme - mostrar como Camille percebeu corretamente sua tortura, apenas projetando sobre Rodin, o papel executado por seu irmão a quem,pelo afeto, não conseguia ver claramente e responsabilizar.

    "Claudel acredita que Rodin está por trás desse seu infortúnio. Que fortuna, machismo e ciúmes foram os temas responsáveis pelo seu encarceramento." E foram, apenas leia-se : Paul Claudel em vez de Rodin.

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