segunda-feira, 5 de agosto de 2013
Haewon, a filha de ninguém
"Nugu-ui Ttal-do Anin Haewon/Nobody's daughter Haewon", de Hong San Soo (2013)
"Exibido em Berlin 2013 na Competição oficial, esse novo filme do sul-coreano Hong Sang-Soo confirma a recorrência temática e estética de todos os seus filmes anteriores. Assim como Eric Rohmer, Soo faz um registro do cotidiano de personagens comuns e transforma essa rotina em algo dramatizado, como se fosse uma grande tragédia, mas em tons intimistas. Novamente, cineastas, atores, artistas, professores dão vida aos personagens, embalados pelos planos únicos sem cortes. Quando Soo quer dar destaque em algo na cena, ele fecha o zoom no que ele quer destacar. Sim, é estranho, mas dentro da proposta da vida improvisada e sem rodeios, funciona. Longas cenas de quase dez minutos se desenvolvem sem corte, proporcionando uma naturalidade e espontaneidade que dificilmente seria conseguido se não fosse assim . Voltando a sua homenagem a atrizes francesas, dessa vez Soo homenageia Jane Birkin, que faz uma pequena participação no prólogo do filme como uma turista. Em "A visitante francesa", seu filme anterior, ele homenageou Isabelle Huppert. Uma jovem estudante de teatro, Haewon, se despede de sua mãe que ira morar no Canadá. Sentindo-se só, ela liga para seu professor de teatro, o cineasta Lee, com quem ela tem um caso. Tanto Lee quanto Haewon se incomodam quando os outros alunos descobrem o caso deles. Os amores desfeitos, a depressão, o futuro incerto, o sonho rompido, a melancolia, as bebedeiras entre amigos..tudo isso volta nesse filme. Existe uma cena antológica, que é recorrente no filme, dos 2 personagens sentados numa escadaria de um templo e ouvindo através de um discman uma sinfonia de Beethoven. É muito linda a cena. Os filmes de Soo incomodam as pessoas, conheço cinéfilos que odeiam esse seu estilo low profile de encarar o mundo. Eu sou fã e considero ese um dos seus melhores trabalhos. Ótimos atores e excelente fotografia, além de um roteiro que brinca com sonho e realidade.
Nota: 8
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