sábado, 10 de agosto de 2013

Lovelace

"Lovelace", de Rob Epstein e Jeffrey Friedman (2013) Minha expectativa em relação a esse filme, desde que foi anunciado, foi de frustração. Mesma sensação quando vi o documentário "Inside deep throat", de 2005, dos igualmente documentaristas Fenton Bailey e Randy Barbato. Em "Inside deep throat", a idéia era mostra os bastidores do filme e contar um pouco da vida atribulada de Lovelace. E me irritei com a forma pudica como tudo foi mostrado no filme. Como é que querem falar sobre um dos filmes mais celebrados do mundo pornográfico, sem mostrar pelo menos a famosa cena do boquete de Lovelace? Nada no filme foi mostrado, tudo era casto demais. Quando vi que os diretores seriam Epstein e Friedman, pensei: bom, pelo menos eles fizeram um puta documentário , "Celuloide proibido", sobre os filmes gays malditos e Hollywood. Pode sair coisa boa daí. Aí foram anunciando o elenco do filme: Amanda Seyfried no papel principal, James Franco, Wes Bentley, Sharon Stone, Eric Roberts, Chole Sevigny, Peter Sasgaard..caralho, vai ser outro filme casto!!!!! E não deu outra. Um filme que fala sobre pornografia, sexo explícito, trangressão, violência doméstica, drogas, prostituição..e que mostra no máximo os seios de Amanda Seyfried. Tudo bem, não precisa ter sexo explícito. Mas podia ter um "punch", algo realmente vibrante. eu sempre imaginei um filme de estética suja, câmera na mão, atores desconhecidos, produção independente. Algo na linha de um "Nome próprio", do Murilo Salles, onde vemos Leandra Leal botando pra quebrar numa bela entrega de atriz para o personagem. Faltou essa verdade: tudo no filme é muito certinho, glamouroso, estético, figurinos bacanas, direçào de arte bacana, maquiagem, até mesmo Seyfried, que é linda e jovial demais pra verdadeira Lovelace, que não tinha beleza, era uma mulher mais madura, mais bruta. O filme narra a historia de Linda, que tem uma vida controlada pelos seus pais. Até que ela conhece Chuck, um malandro que a tira de casa e a leva pro mundo da pornografia. Daí em diante vemos ela apanhando do marido, sofrendo com as consequências de ter feito o filme..uma descida ao inferno. Mas o espectador não sente nada. Nem tesão, nem comoção, nada. É um filme de ritmo lento, linear, convencional. Praticamente um telefilme. O que acaba valendo a pena é sair do filme se achando mais "inteligente": a gente sabe que ela fez o filme aos 23 anos em 1972, que foi o filme mais lucrativo do pornô ( Linda ganhou 1250 dólares, o filme arrecadou 600 milhões de dólares), que ela escreveu um livro narrando sua vida de violência fisica e moral e que ela morreu aos 53 anos num acidente de carro aos 53 anos. Depois de "Boogie nights", falta surgir realmente um filme que fale da indústria do sexo sem o pé no acelerador. O filme é das coisas mais caretas que vi recentemente, com direito a música triste e tudo. Ok, os atores, dentro do possível, estão bem. Faltou apenas uma provocação para que eles fossem além. Nota: 5

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