quarta-feira, 15 de julho de 2020

Zona sul

“Zona sur”, de Juan Carlos Valdivia (2009) Drama boliviano premiado no Festival de Sundance em 2010 com os prêmios de melhor Direção e melhor roteiro, ‘Zona sul” é um impressionante e notável exercício de estilo: absolutamente todos os seus planos são formados por movimentos circulares, sendo a maioria, quando o cenário permite, planos de 360o. Não há um único plano fixo, um tour de force da direção, fotografia e marcação de atores em cena. O filme é ambientado na Bolívia de 2008, durante o primeiro governo de Evo Morales. O filme lembra bastante “O pântano”, de Lucrécia Martel” e “Roma”, de Afonso Cuarón. O foco é uma família de classe média alta decadente, e de que forma os empregados de origem indígena, se relacionam com a matriarca e seus 3 filhos. O pequeno Andrés adora estar perto do faz tudo Wilson: ele é cozinheiro, motorista, faxineiro. André se relaciona bem com os empregados. A filha do meio é lésbica e está influenciada pelos ideais socialistas de seus amigos, e por isso, constantemente entra em conflito com o ideal burguês de sua mãe, divorciada. O filho mais velho, Patrício, é típico playboy, só quer farra com os amigos, e traz sua namorada para transar com ela o dia todo. Wilson é tratado quase que como um escravo, e quando ele toma banho, usa os cremes importados da patrôa. Mas o país está mudando, e o governo socialista de Evo Morales aos poucos vai acabando com o previlégio da burguesia. Misturando atores e não atores, o filme une discurso político e social a um forte estilo narrativo. Me faz pensar até se Afonso Cuarón não se inspirou nesse filme para filmar ‘Roma”, que também tinha vários planos com movimentos de travellings laterais que vão e voltam.

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