quinta-feira, 9 de julho de 2020
Não pense que eu vou gritar
“Ne croyez surtout pas que je hurle ”, de Frank Beauvais (2019)
Premiado documentário dirigido pelo ator, diretor e compositor francês Frank Beauvais, “Não pense que eu vou gritar”é uma experiência radical no que podemos chamar de cinema terapêudico: o diretor e personagem que narra em primeira pessoa, Frank Beauvais, em 75 minutos, narra como se estivesse em uma sessão de análise, onde no lugar do terapeuta, existem cenas de filmes.
No ano de 2016, Frank Beauvais rompeu um namoro de anos com seu namorado; Paris, onde morava, tinha acabado de sofrer o atentado que matou dezenas de pessoas. Desempregado, sem lar, sem carro, Frank Beauvais entrou em processo de profunda depressão. Resolveu passar um tempo em uma vila na Alsácia, interior da França. Lá, mora sua mãe e seu padrasto. Trancado em casa, sem sair e sem falar com ninguém, Frank decidiu se entregar a ver filmes. Durante 3 meses, viu 5 filmes por dia, sem distinção de gênero, nacionalidade, nada. Viu 400 filmes entre abril e agosto. A narração em off foi registrada durante o seu período de exílio, de depressão, onde relata suas relações com o ex-, com amantes, com a complicada homofobia de seu pai, que morreu doente pedindo perdão, com a vila onde estava ( sem banco, praticamente sem comércio, e a população falando um dialeto que mistura francês e alemão). O filme é composto dos 400 filmes, em cenas rápidas. É um filme bastante interessante, pelo conceito e pela realização. No início, me incomodou o tom da narração, monocórdico, mas depois entendi que era a narração de uma pessoa desgostosa da vida. Mesmo assim, é cansativo, quando chega no meio, já dá uma monotonia. Mas é um excelente trabalho de edição e de pesquisa de imagens.
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