sábado, 18 de julho de 2020
Chove sobre nosso amor
"Det regnar på vår kärlek", de Ingmar Bergman (1946)
No ano de 1946, o cineasta sueco Ingmar Bergman lançou seus dois primeiros filmes de sua vasta filmografia: o 1o, "Crise". Logo depois, o drama "Chove sobre nosso amor". Ambos filmes bastante pessimistas, apresentando o lado mais sombrio e cruel do ser humano, e curiosamente, tramas sobre mentiras e falsas aparências.
"Chove sobre nosso amor" tem como pano de fundo uma história de amor entre dois desajustados; a aspirante à atriz, Maggi (Barbro Kollberg), que após tentativas fracassadas e para sobreviver, tendo trabalhado como empregada. E o ex-presidiário David (Birger Malmsten). Os dois se encontram em uma noite de chuva na estação de trem: sem destino, sem família. David sugere à Maggi de passarem a noite no albergue do Exército da Salvação. A paixão é imediata. O casal decide ir em busca de uma vida a dois, e enquanto caminham na chuva, descobrem uma casa abandonada. Por um tempo, eles ficam pouso ali, até que um homem se diz ser dono da casa e quer alugar para o casal.
Impressionante como a estrutura narrativa do filme lembra bastante a estética do neo-realismo italiano, que aflorava na época do pós-guerra na Itália. E mais incrível é perceber que a trama é muito semelhante a de "Noites de Cabíria", de Fellini, de 1957. São figuras marginalizadas pela sociedade, e que possuem um coração muito bom, e por isso, são enganados por pessoas escroques.
Curioso é como Bergman insere um personagem de um narrador que interfere na história e narra o filme quebrando a quarta parede. Os dois atores principais são bastante carismáticos, além de um cachorro que se torna companheiro do casal, muito fofo. Um filme do início de carreira de Bergman, distante da filmografia mais conhecida do Mestre, em filmes onde fala sobre a doença da alma.
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