terça-feira, 16 de agosto de 2016
A última vez que vi Macau
"A última vez que vi Macau", de João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata (2012)
Os cineastas portugueses João Pedro Rodrigues
(dos viscerais "Fantasma" e "Morrer como um homem") e o roteirista João Rui Guerra da Mata realizaram um sensacional documentário que fala sobre memória. Assim como Walter Salles em "Jia Zhenke, o homem de Fenyang), o filme fala sobre um artista que volta para a sua cidade natal e percebe que a memória somente existe em sua mente, e não mais no local. João Rui cresceu em Macau, que durante 4 séculos, foi colonizado por Portugal, somente saindo de seu domínio em 1999. Para falar sobre as lembranças e a sua vida na província chinesa, João criou uma história fictícia em cima das imagens documentais. Muitas críticas comparam o filme a "Viajo porquê preciso, volto porquê te amo", de Karin Ainouz. Não acho: de semelhante, somente a narração e o fato do protagonista jamais aparecer. Mas a narrativa é totalmente diferente. Em "A última vez que vi Macau", os cineastas brincam com gêneros e referências cinematográficas. Logo de cara, o filme começa com uma drag queen cantando a mesma música que Jane Russell cantava no clássico "Macau", de Joseph Von Stenberg. João Guerra interpreta a persona de Robert Mitchum. Ele recebe uma carta de Candy, a drag queen, dizendo que está em perigo e precisa que ele volte a Macau para salvá-la. Enquanto perambula pelas ruas e becos à procura da amiga, João traz lembranças de sua vida ali em Macau, dissertando sobre memória cultural e social de um lugar que não é mais o mesmo. O filme segue uma trajetória de filme noir, e encanta pela linda fotografia e as belas locações registradas.
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