quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Bingo, o Rei das manhas

"Bingo, o Rei das manhas", de Daniel Rezende (2017) Esse filme é um golpe baixo para o meu coracao: eu simplesmente, sou apaixonado por trilha sonora dos anos 80. Tanto os do Ploc 80 quanto trilha de sintetizadores meio "Stranger things". Fora isso, em determinado momento, o filme me fez lembrar de "Crepúsculo dos deuses", clássico de Billy Wilder. E' na linda cena de mãe e filho, Ana Lucia Torre e Vladimir Brichta, desabafando sob a crueldade do mundo artístico e do estar obsoleto, se sentir inútil, se sentir desprezado e no ostracismo. O grande tema do filme é a busca por um lugar ao sol, mas que esse sol venha com reconhecimento, e ao lado dele, o seu nome. E' estranho a gente falar de anonimato em tempos onde isso é praticamente impossivel por conta das redes sociais, mas naquela época, nos anos 80, o filho de Arlindo Barreto se incomodou, e muito, de nao poder dizer ao mundo que o seu pai interpretava o palhacø mais famoso do Mundo, aqui no Brasil. Aliás, é esse personagem do filho de Bingo que mais me irritou. Nao o jovem ator, que é ótimo, mas a construção do personagem, Mas deixemos isso de lado, e vamos ao filme em si: muito bem dirigida, essa bela estréia de Daniel Rezende, famoso no mundo inteiro por ter montado "Cidade de Deus" e "Tropa de elite", ganha cores fortes e saturadas oitentistas nas lentes de Lula Carvalho. O filme não é sobre Bingo (Bozo, mas não cederam os direitos), mas sobre Arlindo Barreto: ex-ator de pornochanchadas, que por anos interpretou o Palhaço Bozo no Sbt, tirando inclusive a Globo do 1o lugar diversas vezes. Envolvido com drogas, bebidas, mulheres e toda sorte de loucuras que o estrelato pode permitir, o grande conflito de Arlindo era não ser reconhecido publicamente, pois por contrato, ele não podia falar sua identidade para ninguém. Bela reconstituição de época, atores muito bem escalados: Além de Vladimir e Ana Lucia, temos Leandra Leal, Augusto Madeira, Tainá Muller... O desfecho, por razoes contratuais, deixou muita gente incomodada. Mas vida real muitas vezes é maior do que a ficção..

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