quarta-feira, 9 de novembro de 2022

Apóstolos

"Apostles", de Scud (2022) O roteirista e cineasta de Hong Kong Scud chamou a atenção dos cinéfilos e Festivais Lgbt quando lançou em 2010 o drama "Anfetamina". De lá para cá, ele se aventurou em filmes queer com narrativas mais experimentais, sempre com forte carga homoerótica e muita nudez masculina. Agora ele lança o que ele chama de seu último filme da carreira, já que anunciou publicamente que vai se aposentar. "Apóstolos" fala sobre morte, filosofia, mas como pano de fundo, muitas cenas de sexo, algumas explícitas, e nudez total masculina de todo o seu elenco. Um jovem cineasta, casado com uma mulher chamada Madonna e pai de uma filha pequena mora em uma mansão afastada da cidade, em uma colina. Subitamente, ele se considera um apóstolo de Platão e Sócrates e decide questionar a morte. Para discutir o tema e colocar seu ponto de vista sobre a finitude, ele convida 12 jovens homens para a sua mansão. Ali, todos, irão debater sobre filosofia, existencialismo, morte, assim como relatarem suas experiências com sexo grupal com outros homens e perambular totalmente nús pela casa. A primeira impressão que tive do filme foi onde Scud conseguiu escalar tantos atores para ficarem nús e fazerem cenas de sexo o tempo todo. Ainda mais em Hong Kong, que mesmo liberal, agora está sobre o protetorado da China. Depois, me peguei questionando sobre os propósitos do filme. Talvez o desejo de Scud se aposentar tenha tido grande influência sobre o tema do filme, que é a morte. Mas a narrativa experimental em um filme onde aparentemente o desejo do cineasta é trabalhar o homoerotismo, me pareceu por demais pedante. Fica difícil entender a qual público se destina. Peter Greenaway também lidava com o universo queer em filmes de narrativas experimentais, mas ali a linguagem e o visual encantavam de tal forma que tudo se tornava orgânico. Aqui fica chato, e nem é filmado com poesia ou um grande visual.

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