sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020
Surdo
"Sordo", de Alfonso Cortés-Cavanillas (2019)
O cineasta russo Elim Klimov realizou a obra-prima "Vá e veja" que fala sobre os horrores da 2a guerra diante do olhar de um garoto. Em uma cena antológica, uma bomba explode próximo ao rapaz e ele fica surdo, e o que ouvimos desde então são ruídos que trazem ao espectador a sensação de não escutar mais nada.
Em "Surdo", a referência é a mesma. Ambientada na Espanha Franquista de 1944, ainda sobre os efeitos da 2a guerra mundial, um grupo de revolucionários espanhóis , chamados de Maquis, vindos da França, tentam destruir uma ponte para assim, desestabilizar o Governo franquista e destituir o General Franco. A ação dá errado: a bomba explode antes do momento e mata quase todos os rebeldes, sobrando apenas 3: um deles é morto pelos soldados franquistas que chegam ao local, o segundo, Vicente, é preso e o terceiro, Anselmo, fica surdo e foge pela floresta. A partir daí, Anselmo precisa se proteger de animais selvagens, dos soldados que procuram por ele e de uma sniper russa que também o procura. Anselmo reencontra Rosa, esposa de Vicente, e junto dela tentam um plano para libertar Vicente.
O filme tem uma ótima direção de Alfonso Cortés-Cavanillas, que co-escreveu o roteiro. A dinâmica da edição já começa tensa desde o seu início e então não para mais. Valorizando a extrema violência, com cenas bastante fortes de tiros que explodem cabeças e outras cenas de revirar o rosto dos mais sensíveis, "Surdo" busca inspiração estética nos filmes de Sergio Leone, principalmente no protagonista, que se veste igualzinho aos personagens de Clint Eastwood. A trilha sonora também evoca as músicas clássicas de Enio Morricone. O que não gosto é do roteiro, e do desenvolvimento do arco do protagonista. Suas decisões acabam sendo sempre erradas, e selando o destino de muita gente. Do meio em diante já não torcia mais para ele.
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