sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020
Acampamento sinistro
"Sleepaway camp", de Robert Hiltzik (1983)
Um clássico cult de terror slasher de 1983, "Acampamento sinistro" é venerado por estudiosos de cinema pelo uso de temas totalmente vanguardas na época da realização, se tornando o primeiro slasher homoeótico da história. Transsexualismo, pedofilia, abuso sexual, casamento gay, tudo isso é visto nesse inacreditável filme que possui um dos finais mais comentados de toda a história dos filmes de terror, pela sua coragem e ao mesmo tempo, bizarrice.
O filme começa com um prólogo: um pai e um casal de filhos pequenos, Angela e Peter nadam no lago. Um acidente de barco provoca a morte do pai e do menino. Oito anos depois, Angela, sobrevivente, é criada pela sua tia. A tia sugere que Angela e Ricky, seu filho, passem um final de semana em um acampamento. Chegando lá, Angela sofre bullying pela sua timidez. Ricky procura salvá-la das investidas violentas. Angela é cortejada por um menino, Paul, que quer namorar com ela. De repente, mortes misteriosas começam a acontecer no local.
Assistir a esse filme é uma experiência sociológica e histórica: o acampamento é para crianças de 7 a 12 anos, mas os monitores são homens com mais de 30 anos, que se expõem semi-nus e em determinada cena, ficam todos pelados em uma cena de banho de rio. As crianças são constantemente assediadas sexualmente pelos funcionários do local. As cenas de violência, diferente de outros slashers, não são mostradas na hora das suas mortes, mas sim, depois que os corpos são encontrados.
O diretor e roteirista Robert Hiltzik resolveu criar um slasher com perfil diferente de outros os outros, que exploram o corpo feminino e a nudez das mulheres em cenas de banho: aqui, só quem tira as roupas e se expõe são os homens. O filme vai fazer sucesso com o público dos filmes de terror vintage anos 80, e também, com o público gay. O filme é tão bizarro e fetichista que até mesmo os meninos são objetos de erotização.
SPOILER:
Para quem quer saber um dos finais mais comentados dos filmes de terror, não leia abaixo:
no final, descobre-se que Angela na verdade é Peter. Foi o menino quem sobreviveu ao acidente. Mas a tia, querendo criar uma menina, resolveu vestir e educar Peter como tal. Peter presenciou seu pai transando com um outro homem, na verdade seu outro pai, e desejou seu uma travesti.
É preciso assistir ao filme para acreditar nesse final. É bom demais.
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