quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

Canção sem nome

"Canción sin nombre", de Melina León (2019) Extraordinário drama peruano dirigido pela cineasta Melina León, concorreu em importantes Festivais, como Cannes e Estocolmo, tendo ganho dezenas de prêmios. Rodado com uma fotografia em preto e branco do fotógrafo peruano Inti Briones, que acumula diversos filmes brasileiros em seu currículo, como "Hebe", "Canção sem nome" apresenta um País à beira de um colapso político, social e econômico. Durante os anos 80, o país atravessa um período de fortes atentados e desemprego. Acompanhamos a história do casal Georgina (Pamela Mendoza, formidável) e Leo. Ela vende batatas na rua. Ele se apresenta com um grupo folclórico e entretém a população. Georgina está grávida. Quando ela ouve na rádio que uma clínica faz parto de graça para a população carente, Georgina não pensa duas vezes. segue sozinha até Lima de ônibus. Ao chegar na clínica, ela dá à luz. Para sua surpresa, os funcionários levam o bebê e a expulsam da clínica. Desesperada, Georgina pede ajuda ao marido, à polícia, mas ninguém consegue entender o que aconteceu. Georgina resolve procurar o jornal local, e assim, conhece Pedro, um jornalista gay que decide buscar o paradeiro dos integrantes da clínica. Pedro é gay não assumido e flerta com um vizinho, um ator cubano que encena Tenesse Willians no teatro. O filme não dá chance redenção aos seus personagens. É um sofrimento só, uma pedrada atrás da outra. É um filme visceral, vigoroso, repleto de cenas antológicas, como o fabuloso plano-sequência dentro de um barco com Pedro e uma moradora local. Através de uma linha investigativa que beira o documentário, o filme é dirigido com firmeza pela cineasta e roteirista Melina León, com imagens hipnóticas de Inti Brionte.

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