quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

Indústria americana

"American factory", de Steven Bognar e Julia Reichert (2019) Vencedor do Oscar de melhor longa documentário 2020, "Indústria americana"recebeu outras dezenas de prêmios em importantes Festivais, entre eles, Sundance, de onde saiu com o prêmio de melhor direção. Primeira produção da Higher Ground, produtora do ex-presidente americano Barack Obama e sua esposa Michelle, o filme apresenta uma difícil relação entre americanos e chineses em uma Fábrica nos Estados Unidos, com culturas e formas de trabalho totalmente distintas. Em 2008, devido à crise econômica que assolou os Estados Unidos, uma Fábrica da General Motors em Ohio fechou e demitiu seus 10 mil funcionários. Dois anos depois, um empresário chinês comprou a fábrica e ali montou uma empresa de fabricação de vidros automotivos, a Fuyao Glass America. Muitos chineses foram trazidos da matriz da China para trabalharem na filial americana. Os funcionários americanos, muitos deles demitidos da GM e que ficaram esse tempo todo sem trabalho, de início comemoram o novo emprego. Mas com o passar do tempo, percebem que os chineses procuram trazer regras de seu País, que não se aplicam aos Estados Unidos: não querem saber de sindicato, exigem que os empregados trabalhem horas extras. Outros problemas surgiram: péssimas condições de trabalho e a diminuição dos salários, que eram o sobro na época da GM. Muitos funcionários exigem que o Sindicato faça parte da empresa, mas tanto os chineses quanto alguns funcionários americanos, temerosos de perder o emprego, decidem não apoiar a introdução do sindicato. O filme apresenta cenas filmadas na China e nos Estados Unidos, e mostra como a empresa na China possui quase que um regime escravocata com seus funcionários, que trabalham 12 horas por dia ( os americanos trabalham 8) somente folgam 2 vezes ao mês e recebem salário miserável, sem reclamarem. A melhor sequência do filme mostra um grupo de representantes dos americanos que visita a fabrica na China e são recebidos com festa e até a música "Ymca", do Village People, quando são obrigados a dançar nos palcos. Eles também ficam atônitos com o perfil robotizado dos empregados e são obrigados a trazer esse estilo de trabalho para os Eua. O empresário chinês que montou a empresa , Cao, é uma figura totalmente sui generis: reclama de tudo, diz que os americanos são preguiçosos e não lutam pela melhoria da empresa. A descrição que fazem dos americanos, caricatural, acaba sendo real: em uma reunião com chineses na China, com todos de terno, um dos americanos vai com uma camiseta do filme 'Tubarão". Simbólico, mas no final, os chineses acabaram engolindo os americanos. O filme impressiona pelo fato dos cineastas terem total acesso à fábrica nos Eua e na China, e visivelmente apresentando os chineses como pessoas desumanas, fico pensando como os representantes dela permitiram que o filme fosse lançado e rodado.

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