sábado, 1 de fevereiro de 2020

Nevrland

"Nevrland", de Gregor Schmidinger (2019) Premiado em diversos Festivais, o suspense psicológico “Nevrland” é um filme austríaco repleto de sexo, ácido, viagem psicodélica e paranoia. Filme de estréia do jovem cineasta Gregor Schmidinger, que dirigiu o super premiado curta LGBTQ+ “Homophobia”, o filme busca referência, nas palavras do próprio diretor, em filmes como “Persona”, de Bergman, “De olhos bem fechados”, de Kubrick e “Enter the void”, de Gaspar Noé. A referência a Gaspar Noé explica o visual estonteante repleto de luzes estroboscópicas e um fascínio pelo surreal e pelo fetiche sexual. A trilha sonora é toda de música eletrônica e traz uma sensação de transe hipnótico. Eu diria ainda que existe influência de David Lynch, principalmente na 2a parte do filme, entregue ao surrealismo e sensações abstratas difíceis de verbalizar em palavras. Jacob (Simon Frühwirth, intense), e um jovem de 17 anos que mora com seu pai e seu avô, doente. Sua mãe o abandonou quando criança. Moradores de um pequeno apartamento em Viena, o pai de Jacob trabalha em um matadouro. É para lá que Jacob vai trabalhar. Vivenciando diariamente imagens aterrorizantes de porcos sendo mutilados, Jacob vai adquirindo transtorno psiquiátrico. Em casa, no seu quarto, ele explora sites pornôs gays e bate papo com homens, até conhecer Kristjan (Paul Forman, sedutor), um artista plástico de 26 anos. Quando o avô de Jacob morre, ele finalmente aceita o convite para conhecer Kristjan e seu ateliê, e começa então o seu inferno ao mundo das drogas e do sexo. “Nevrland” é um filme LGBTQI+ que mistura gêneros. Logo no seu início, aparece uma cartela, igual a de “Enter the void” e outros filme de Gaspar Noé, avisando das imagens estroboscópicas que podem fazer mal ao público. Nitidamente dividido em duas partes: a primeira, a relação de Jacob com seu pai, avô e o matadouro que vai enlouquecendo ele. Na 2a parte, é a sua relação com Kristjan e o mundo David Lynchiano repleto de fantasmas e pesadelos oriundos do uso de drogas. Apesar do tema, o filme apresenta uma certa caretice ao não explorar o sexo de forma mais visceral. Não existe nudez, contradizendo o universo que o filme habita, o da pornografia. Faltou o elemento visceral que Gaspar Noé utiliza tão bem. Mesmo assim, é um filme instigante e que explora os sentidos. As cenas da boite são muito boas, repletos de adrenalina.

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