sábado, 28 de setembro de 2019
Hebe- A estrela do Brasil
"Hebe- A estrela do Brasil", de Maurício Farias (2019)
Concorrente no Festival de Gramado 2019, de onde saiu com o Kikito de Melhor montagem, o filme sobre a Atriz, cantora e apresentadora Hebe Camargo preferiu apresentar um aspecto mais sombrio na autobiografia, ao contrário da solaridade que Hebe possuía, estampada em seu programa que durou quase 60 anos na Televisão, sempre gargalhando e com um enorme sorriso destacado.
HIV, ciúme possessivo, machismo, censura, desemprego, ditadura, alcoolismo, abuso doméstico, conflito patrão X empregado, homofobia, são tantos os conflitos apresentados no filme que somente a estrutura de um seriado poderia dar conta, e é justamente essa a proposta desse filme lançado primeiro no cinema e em seguida, como série na Tv. O elenco é bastante numeroso, sendo impossível para o filme dar conta: Gabriel Braga Nunes ( que faz o ex-marido de Hebe, Décio), Silvio Santos (Daniel Boaventura), Stella Miranda (Dercy Gonçalves) têm participações bem pequenas, mas de todas, é Stella Miranda quem rouba a cena em um momento sensacional, que gera todo o conflito com a Tv Bandeirantes, onde o programa era exibido nos anos 80.
O filme, ambientado na década de 80, faz um recorte da carreira de Hebe, desde o auge na Tv Bandeirantes até o fim do programa, que era perseguido pela Censura, até sua recontratação pelo SBT de Silvio Santos. Paralelo, temos a relação de Hebe com seu filho, Marcello (Caio Horowitz), os ataques de ciúmes de Lélio (Marco Ricca, excelente) com Roberto Carlos (Felipe Rocha) e Chacrinha (Otavio Augusto) e a luta de Hebe a favor da luta contra a homofobia e a censura.
O filme tecnicamente é impecável, com destaque absoluto para o figurino, requintado e luxuoso, do acervo da própria Hebe, misturado a alguns produzidos para o filme.
Um dos grandes acertos do filme foi ter saído do formato de cinebiografia tradicional e esquemática para um recorte de um trecho da vida da biografada, formato muito comum em cinebiografias americanas.
Andréa Beltrão, que está quase 100 por cento do filme, é o grande motivo de se assistir a esse filme, Ela está reluzente, totalmente envolvida nas várias camadas da vida da apresentadora, morta em 2012. O Diretor Maurício Farias imprime ao filme um visual estilizado, com uma câmera colada no rosto de Andrea, uma proposta comum ao cinema do chileno Pablo Larrain, quando realizou a biografa de Jackie Kennedy. Algumas cenas remetem à "Uma mulher fantástica", também de Larrain, principalmente nas cenas de boite, com câmeras lentas e angulos de câmera mais inusitados.
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