quinta-feira, 12 de setembro de 2019
A morte e a vida de John F. Donovan
"The death and life of John F Donovan", de Xavier Dolan (2019)
Destruído pela crítica, "A morte e vida de John F. Donovan" pode não ser o melhor filme de Xavier Dolan, mas tem muitas qualidades. Talvez os críticos tenham se cansado do tema recorrente das mães que vivem constantemente infernizando a vida de seus filhos ( e aqui são 2 mães, interpretadas por Susan Sarandon e Nathalie Portman). Ou de saco cheio dos maneirismos estilísticos de Dolan, sempre usando câmeras lentas e trilha sonora pop. Ou quem sabe, mais uma vez criticando o que eles chamam de futilidades pós-adolescentes, ou o tema da saída do armário e homofobia, presentes em quase todas as suas obras.
Inegável é o Poder de seu elenco: Kit Harrington ( John Snow de "Game of Thrones), Nathalie Portman, Susan Sarandon, Kathy Bates, Jacob Tremblay ( o menino de "Extraordinário"), Thandie Newton. O filme se passa em 2 épocas, separadas por 10 anos:Nos anos 90, uma estrela de uma série de tv, John (Karrington) se corresponde por cartas com um menino de 11 anos, Rupert (Tremblay), sem que ninguém saiba. Em quase 100 cartas, John relata a sua vida real, um desabafo contra a sua vida falsa de artista. Dez anos depois de sua morte, Rupert, já adulto, resolve publicar um livro com o conteúdo das cartas. Entrevistado por uma jornalista (Newton), Rupert finalmente conta a história de John: gay enrustido, vivendo uma vida de mentiras, e constantemente brigando com sua mãe (Sarandon). O próprio Rupert, quando criança, também sofria bullying homofóbico na escola, e também discutia com sua mãe (Portman), que deposita em Rupert todas as suas frustrações: o abandono do marido e da vida de atriz.
Belamente dirigido, repleto de maneirismos, Dolan ainda inclui uma trilha recheada de clássicos pop, como Adele, "Bitter simphony", entre outros. Jacob como sempre impressiona em suas cenas dramáticas, e Portman e Sarandon compõem as mães de Dolan com muita precisão. Kit Harrington foi bastante criticado, sendo acusado de estar mecânico e sem emoção, o que é uma mentira, além de magnetizar a tela toda as vezes em que aparece em cena. Kathy Bates tem uma linda cena com Kit Harrington, onde ela faz um discurso sobre as escolhas que ela tomou na vida artística.
"A morte e vida de John F. Donovan" é um libelo a favor da liberdade do artista de se expôr como quiser pro mundo, além de uma ode ao amor da Mãe. Esse é o primeiro filme falado em língua inglesa de Xavier Dolan.
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