domingo, 13 de janeiro de 2013

Além das montanhas

"Beyond the hills", de Cristian Mungiu (2012)
O cinema romeno veio com força total a partir de "4 meses, 3 semanas e 2 dias", que venceu a Palma de Ouro em Cannes em 2007. Desde então, filmes romenos têm surgido nas nossas telas, entre eles " Como comemorei o fim do mundo", "Contos da era dourada"e "Terça, depois do Natal". O que esses filmes têm em comum, é uma estética rigorosa, de poucos planos, as vezes cobrindo uma cena inteira sem cortes, mesmo com o ator falando o tempo todo de costas. essa estética é primordial em "ALém das montanhas". Com mais de 2:30 de duração, o filme se compõe de longas cenas sem cortes, ãs vezes com mais de 10 minutos, sem nenhum corte. É um filme seco, de interpretação naturalista. A câmera é ligada e o papo rola solto, hermeticamente composto, enquadramentos equilibrados. Vemos todos os atores em cena marcadinhos, ninguém cobre ninguém. Além desse extremo rigor formal, às vezes quebrado com um ou outro plano na mão, acompanhando os personagens, na tradição dos irmãos Dardenne, também produtores do filme, o filme faz uma discussão sobre os limites da fé. Alina e Voichita moraram quando adolescentes num orfanato na Romênia. Quando cresceram, foram obrigadas a sair do orfanato. Separadas, Alina foi tentara sorte na Alemanha, e Voichita foi se dedicar à palavra de Deus, se instalando em um convento na área rural, que prega o cristianismo ortodoxo. Os anos se passam e Alina retorna, decidida a tirar Voichita do convento e trazer com ela pra cidade grande. Voichita, no entanto, acredita que pode fazer com que Alina também se interesse pela igreja e queira ficar também como freira e dedicada a Deus. Porem, logo Voichita descobre que os planos de Alina são de reatar o amor das duas. O filme é baseado em história real acontecido na Romênia em 2005. Li numa entrevista que Mungiu quiz fazer um alerta para o poder da Igreja, dominando corações e mentes das pessoas humildes. Ele diz que em seu País, existem mais de 5000 igrejas contra 300 escolas. O filme saiu em Cannes com 2 prêmios: o de melhor roteiro, e o de melhor atriz, dividido pelas 2 atrizes principais do filme, Cosmina Stratan e Cristina Flutur, estreantes em cinema. Seria injusto, no entanto, não comemorar também a performance de todo o elenco, que inclui o ator que interpreta o Padre, e as outras irmãs. É um intenso trabalho de conjunto. O filme tem meia hora sobrando, poderia terminar já na 2a ida ao Hospital. Para espectadores incautos, um alerta: é um filme de ritmo extremamente lento, sem pressa alguma de contar e apresentar sua história. Eu adoraria ter gostado mais do filme. Mas valeu como experiência cinematográfica. Mungiu é dos grandes cineastas em atividade na atualidade. Nota: 7

Um comentário:

  1. Oi Hsu!
    O que você achou do final de Like someone in love?
    O que você entendeu sobre aquela última cena?
    Eu gostei do filme, achei muito terno e sensível, mas não entendi o porquê daquele final.. desculpa publicar minha pergunta aqui, mas não consegui publicar na página do filme.. abraços, kate

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