"Não sei quantas almas tenho", de Patricia Niedermeier e Cavi Borges. Diretores da trilogia de viagem e poesia experimental "Salto no vazio", "Reviver", "Fado tropical", todos protagonizados por Patrícia Niedermeier e Jorge Caetano, e também da peça-filme "Truffaut- Cinema é a minha vida", a dupla de artistas cinéfilos e agora apaixonados pelo teatro audiovisual envolvido com performances multimídia Cavi Borges e Patrícia Niedermeier trazem aos cinéfilos um filme inusitado de terror sobre vampiros que habitam Portugal, Rio de Janeiro, Maranhão e porquê não, a Praia de Copacabana noturna, cenário ideal para solilóquios que emulam o seminal "O sétimo selo", de Bergman. E toda uma gama de cineastas é reverenciada em um filme que exala e pulsa cinema a cada frame: "Viver a vida", "A paixão de Joana D'arc", "Os demônios", "Asas do desejo", "Possessão", e mais óbvios por se tratar de vampiros, "Amantes eternos", "Dracula", "Fome de viver" e "Nosferatu". Jorge Caetano traz performance que em cada momento, reverencia esses filmes: às vezes Bela Lugosi, às vezes David Bowie, às vezes Tim Hiddelston. E delícia das homenagens e reverências ao cinema, a vampira de Patricia Niedermeier, Nina, caça as suas vítimas dentro de uma sala de cinema, nada mais cinéfilo. Nina, uma cientista fascinada por elementos químicos, e que dão nome aos capítulos do filme, namora Jack , assim como em 'Fome de viver", um mocinho apaixonado que não consegue pressentir o perigo que se aproxima quando o vampiro eterno de Jorge Caetano, Nicolau, apaixonado por Nina, a transforma em vampira. C om uma cena que homenageia "Possessão" e a famosa cena do metrô, Niedermeier prova seu talento na frente e atrás das câmeras. Talvez o mais artístico e bem acabado estilisticamente de seus filmes, com uma fotografia e movimentos de câmera totalmente integrados à linguagem terror experimental do projeto, recheado de diálogos existencialistas, um bombom atrativo para cinéfilos em busca de pequenas jóias realizadas com muita garra, persistência e paixão.
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