segunda-feira, 31 de outubro de 2022
Masking threshold
Corra querida corra
O Golem- Como ele veio ao mundo
domingo, 30 de outubro de 2022
Alguém entre nós
"Byvshaya", de Evgeniy Puzyrevskiy (2017)
O cinema russo dos anos 200 tem buscado uma abertura maior com o mercado americano, e para isso, tem investido bastante nos filmes de terror, ação e ficção científica. Em “Alguém entre nós”, o cinema sobrenatural de terror dá as caras em um história que mistura sensualidade, romance e fantasmas buscando vingança. Ainda assim, por conta da cultura patriarcal e machista russa, o roteiro ainda traz traços de misoginia: as mulheres são as grandes vítimas de uma sociedade que ainda faz os homens brincarem com sentimentos femininos. O roteiro de Vladimir Batrameev ainda faz crítica ao deep fake e as montagens de fotos, trazendo consequências desastrosas à vida alheia.
Sasha ( Konstantin Beloshapka ) e Katya ( Vera Kincheva ) anunciam aos seus amigos Oleh ( Sergey Dvoynikov ) e Zhenya ( Ekaterina Shumakova ) que agora são noivos. Zhenya não está entusiasmado com a notícia: ela foi namorada de Sasha antes dele conhecer Katya.
No entanto, a notícia do noivado traz à tona um evento ocorrido há anos: Sasha postou uma foto de uma jovem e inseriu sua foto, como se fossem namorados, e esse ato infantil trouxe consequências trágicas à jovem. Eventos sobrenaturais começam a ocorrer ameaçando a vida de Katya.
O filme tem uma boa premissa e entretém, apesar da história meio maluca. Mas as sequências do hospital e da igreja funcionam bem e trazem suspense. Os atores, jovens e bonitos, também são atrativos para quem busca um passatempo de terror misturado à romance.
Poor Glenna
"Poor Glenna", de Jean Paul DiSciscio (2021)
Live forever
"Live forever", de Gustav Egerstedt (2020)
Genial curta musical premiado em Festivais, que faz uma brincadeira divertidíssima: reúne vítimas de serial killers, monstros e entidades demoníacas famosas e que não seguiram para as continuações das franquias. As vítimas, enquanto são mortas em reprodução de cenas fanmosas, cantam um hino à sua morte, intitulada "Live forever". Com excelente fotografia de Kenneth Ishii e maquiagem de efeitos de Soleu Astudotti, o filme diverte e é uma farra para cinéfilos amantes de terror. Os filmes sacaneados são: "Sexta feira 13", "O grito", "Madrugada dos mortos", "Alien, o 8 passageiro" e "A bruxa de Blair".
sábado, 29 de outubro de 2022
Na estrada da felicidade
"On happiness road", de Sung Hsin Ying (2017)
Super Quem - Heróis por acidente
"Super héros malgre lui", de Pjilippe Lacheau (2022)
Philippe Lacheau é um astro francês famoso pelos seus personagens e filmes de comédia politicamente incorretas. Seus filmes são debochados e geralmente se nutrem de referências de filmes de gênero para poder fazer humor. Foi assim em “Babysitting” e em seu maior sucesso comercial, “Álibi. com”. Agora, ele traz uma paródia ferozmente vulgar e hilária, trazendo um humor sexista e carregado de sacanagem e piadas bizarras, “Super quem?”, onde tira onda com os personagens da DC comics e Marcel, tudo misturado num mesmo saco.
Philippe, que co-escreve, dirige e protagoniza, dá vida a Cedric, um ator frustrado, filho do chefe da polícia Michel (o astro de “Betty Blue”, Jean Hughes Anglade). Durante uma audição para o filme “Badman”, ele vai para o call Back mas é preterido por um outro ator. Quando o concorrente se acidenta, Cedric é chamado para dar vida a Badman. Mas durante um acidente nas filmagens, Cedric perde a memória e acredita ser Badman , e mais, precisa salvar sua esposa e filho, que acredita estarem nas mãos de um vilão. Enquanto isso, seu pai e amigos, entre eles sua irmã soldado, procuram saber onde ele se meteu.
O filme é um festival de piadas chulas que fariam um grande sucesso nos anos 90, mas hoje em dia acaba virando revisitação, e o espectador, já vacinado contra politicamente incorreto e lugar de fala, fica sem saber se rir ou se faz de conta que achou graça. É um tipo de humor que para os dias de patrulhamento em todas as áreas perde muito de seu potencial, mas ainda assim, é corajoso por ousar passar por cima de tudo e querer rir e sacanear tudo e todos.
Nada de novo no front
"All quiet on the westers front", de Edawrd Berger. Nada me deixou mais angustiado nesse drama visceral do que a trilha sonora composta por Volker Berthelmann. É arrepiante, pulsante, aterrorizante e deixa claro a tragédia que irá se instalar na vida dos jovens alemães que ingenuamente se alistaram em uma guerra em que todos eles estavam totalmente despreparados.
Esse épico alemão, a produção mais cara da Netflix no país e indicado pela Alemanha a uma vaga ao Oscar 2023 é a terceira adaptação da obra escrita em 1929 pelo alemão Erich Maria Remarque. A primeira versão, ganhadora do Oscar de filme e direção em 1930, foi dirigida por Lewis Milestone. A 2a versão é de 1979 e essa conta com a direção do alemão Edward Berger. O roteiro mostra literalmente os horrores da guerra, um lugar comum em filmes do gênero, vistos pelo olhar de um jovem idealista. As obras primas “Vá e veja”, “O resgate do soldado Ryan”, “Os melhores anos de nossas vidas” e tantos outros são exemplos do que existem de melhor sobre o terror da guerra. O elenco jovem brilha, e entre os veteranos, a participação de Daniel Bruhl, como o escritor e político alemão Matthias Erzberger. No 3o ano da 1a guerra mundial, em 1917, jovens são convocados para se alistar na guerra contra a Tríplice Entente, que incluía Grã-Bretanha, França e Rússia. Pela primeira vez na história da guerra, tanques, armas químicas, bombas de gás, táticas de guerra de trincheiras estavam sendo usados pelas forças alemãs, italianas e húngaras. Quatro amigos, Paul Baumer, Albert Kropp, Fraz Behm Muller e Ludwig Behm, decidem se alistar no exército motivados pelo discurso patriótico dos líderes alemães. Paul forjou a assinatura de sua mãe para fazer parte do exército e lutar a guerra por sua pátria. Mas assim que chega na trincheira, ele entende o quanto foram enganados pelo discurso dos líderes, e o quanto estão despreparados para lutar contra uma guerra onde mal entendiam os motivos.
O ator Felix Kammerer, que interpreta Paul, e Albrecht Schuch, que interpreta seu amigo otimista Katczinsky estão soberbos. A fotografia de James friend torna as imagens da mesma forma aterrorizantes, verdadeiras telas plásticas de beleza e terror. É um filme triste, com um desfecho que destrói corações. Saí arrasado.
Nós estamos bem agora
"Vi er okay nu", de Andy Deshaun e Rebecca Emcken (2017)
Delicado drama LGBTQIAP+ dinamarquês, com belas performances dos jovens atores Peter Ousager, como Demitri e Lasse Steen como Jonnah. Jonnah é gay e tem paixão platônica pelo seu amigo hetero Dimitri. Uma noite, Dimitri o apresenta a um rapaz. Jonnah sai com o rapaz, mas é estuprado por ele. Ao tomar conhecimento, DImitri se sente culpado e a partir daí, nutre uma relação de anjo da guarda para Jonnah, que se irrita, quando na verdade tudo o que ele quer é o amor do amigo.
Filmes dinamarqueses prezam pelo belo trabalho técnico e aqui só comprova essa tese, aliada a boas performances e uma história triste de traumas oriundos de pegações one night stands que geralmente acabam mal. Um filme que marca a diferença entre amor e tesão, e como uma paixão platônica pode destuir uma pessoa.
Momento do contato: o caso Roswell do Brasil
"Moment of contact:the Rpswell of Brazil", de James Fox (2022)
Documentário independente americano que procura revelar o caso do Et de Varginha, incidente ocorrido no Brasil em janeiro de 1996. 26 anos depois, a produção retorna ao local, onde já até existe um museu dedicado aos Ets, e entrevista testemunhas que afirmam terem visto a nave espacial e extraterrestres. O próprio documentário diz que o filme é baseado em verdades e mentiras. O melhor do filme é o material de arquivo, que mostra imagens coletadas na época por populares, e também faz um retrospecto de casos de Ets ocorridos no Brasil, desde os anos 50, em Ubatuba. Matérias com Sandra Annenberg e Pedro Bial também se mostram curiosidades.
Me alimente
"Feed me", de Adam Leader e Richard Oakes (2022)
Mistura inusitada de comédia de humor ácido com terror, "Alimente-se" parte de uma história real para narrar a história de dois homens, Jed (Christopher Mulvin) e Lionel Flack (Neal Ward). Jed acaba de perder sua esposa, Olivia, que se suicidou por conta de distúrbios mentais relacionados à obsessão por bulimia. Inconformado, Jed passa a ter pensamentos suicidas. Ele conhece Lionel em um bar, que lhe propõe um acordo, assim que fica sabendo que Jed quer se matar:
sexta-feira, 28 de outubro de 2022
As histórias de meu pai
“Profession du pére”, de Jean Pierre Améris(2022)
O Cineasta francês Jean Pierre Améris realizou uma das comédias românticas que eu mais amo na vida, “Românticos anônimos”, com o seu ator fetiche Benoit Poelvoorde. Agora ambos repetem a dobradinha em “As histórias de meu pai”, que diferente do que aparenta ser pelo postar do filme, não é uma comédia, e sim, um melancólico drama sobre distúrbios mentais. O filme é adaptação do romance escrito por Sorj Chalandon, e Jean Pierre Améris misturou com histórias de sua infância. Tanto o protagonista do livro quanto Jean Pierre viveram em Lyon e tiveram pais abusivos nos anos 60. Lyon, década de 1960. Emile (Jules Lefebvre, excepcional), tem doze anos. Seu pai, André (Poelvoorde, sempre ótimo) é um herói para Emile. Ele se diz campeão de judô, pára-quedista, jogador de futebol e até conselheiro pessoal do general de Gaulle. A mãe de Emile, Denise (Audrey Dana, também ótima) testemunha as mentiras do marido calada. Agora ele quer salvar a Argélia Francesa após anúncio de sua independência. Fascinado e orgulhoso, Emile voluntariamente segue seu pai em missões de maior perigo: perseguir, espionar, entregar cartas secretas. Emile cumpre suas ordens com toda a seriedade. Ele até recruta Luca, um novo colega de classe pé negro (Argelinos que voltaram a morar na França), para seu combate secreto.
O filme tem uma trama bastante complexa. O personagem de Poelvoorde além de mitômano, é violento, abusador, pertence à OAS (organização ultra nacionalista que não aceita a independência da Argélia e acusa de Gaulle de traição) e maltrata também a esposa. Ele também é portador de transtorno de personalidade, e abusa da violência para adquirir seus intentos. É um filme denso, às vezes tentando entrar num universo lúdico infantil, mas logo parte para a violência novamente. Em uma cena, o cineasta homenageia “TAxi driver”, de Scorsese, quando o pequeno Emile treina o uso de arma de forma improvisada em frente a um espelho. Um belo filme, doloroso, defendido por um excelente elenco. Poelvoorde defende um personagem difícil, e o faz com brilhantismo.
Mali twist
"Twist à Bamako", de Robert Guédiguian (2021)
“Mali twist”, de Robert Guédiguian. Premiado cineasta e realizador francês, casado com sua atriz fetiche Ariane Ascaride, protagonista de quase todos os seus filmes, como “Marie Jo e seus dois amantes”, “O fio de Ariane”, “A cidade está tranquila”, ‘Armênia”, entre outros, Robert Guédiguian é famoso pelo cinema humanista, em defesa dos oprimidos e a favor de luta de classes.
Em “Mali twist’, Guediguian aponta suas lentes para o país de Mali, até 1960, colonizado pela França. O filme foi inspirado nas fotografias de Malick Sidibé, cujas obras abrangem dos anos 50 a 70 e reunidas em livro de mesmo nome, “Mali twist”. O filme traça um painel político, social e econômico de Mali pós independência e as consequências na vida do povo sofrido, tendo como pano de fundo uma história de amor trágica.
"Vocês intelectuais queriam fila e agora fico horas na fila". "Antes você não tinha fila mas tinha fome. Agora você pode alimentar seus filhos”. Esse diálogo sintetiza o filme, dado entre uma mulher do povo e o agente do governo Samba (Stéphane Bak), um jovem socialista, que espalha a palavra do socialismo e seus benefícios para as aldeias do Mali no ano de 1962, em Bamako. Sonhando com um futuro melhor para um Mali independente livre do domínio colonial da França, Samba e seus colegas de trabalho tentam educar os aldeões sobre como o socialismo beneficiará a todos, não apenas os ricos. Em suas viagens pelo interior, para levar as palavras e dogmas do socialismo, ele conhece Lara (Alicia Da Luz Gomes), que foge de um casamento arranjado. Samba a leva com ele, e acabam se apaixonando. O irmão de Lara e seu pretendente decidem ir atrás d jovem, por questão de honra.
O filme tem um roteiro complexo e às vezes confuso. Tentando apresentar os benefícios do socialismo para a população e ao mesmo tempo, apresentando queixas da população e de comerciantes que questionam que o governo irá tomar posse de absolutamente tudo. Mesmo o personagem Samba vive um enorme conflito: idealista do socialismo e Marx, mas ao mesmo tempo, apaixonado pela cultura ocidental: as músicas americanas, a moda, o twist, a liberdade dos Night clubs.
O filme finalizada no ano de 2012, com o Mali sendo tomado pelos Jihadistas, onde absolutamente tudo é proíbido: ouvir música, dançar, as mulheres devem se cobrir todas. Com uma excelente direção de arte, fotografia, maquiagem, trilha sonora e ótimos atores franceses e Malinenses, o filme corria o enorme risco de ser um exibicionismo de um cineasta francês e branco sobre uma realidade dos oprimidos e colonizados. Muitos críticos apontaram essa questão e falaram mal do filme. Achei válido e levantando questões muito importantes para os dias de hoje, principalmente, a pauta feminina, onde mulheres vivem em culturas patriarcais s milenares onde sua liberdade é arrancada.
quinta-feira, 27 de outubro de 2022
O enfermeiro da noite
"The good nurse", de Tobias Lindholm. Roteirista de filmes mega premiados como os dinamarqueses "A caça", "Druk- mais uma rodada", "O submarino", "A comunidade", todos de Thomas Vintemberg, o roteirista e cineasta Tobias Lindholm já foi indicado ao Oscar pelo drama "Uma guerra". Agora, ele trabalha com dois atores premiados com o Oscar, Eddie Redmayne, por "Teoria de tudo", e Jessica Chainstain, por "Os olhos de tammy Faye”. O filme é adaptado do livro ”The good nurse”, de Charles Graeber, escrito em 2013. Baseado na história real de Charlie Cullen, serial killer que confessou o assassinato de 29 pacientes nos 16 anos em que trabalhou como enfermeiro, mas acredita-se que esse número chegue a 400 pacientes. Ele cumpre prisão perpétua. A outra personagem é a enfermeira Amy (Jessica Chainstain), que trabalhava no Hospital em New Jersey no ano de 2003 quando conheceu Charlie. Ambos se tornaram grandes amigos. Amy sofria do coração e Charlie a auxiliava tanto no trabalho quanto na casa dela, com suas duas filhas pequenas. Subitamente, pacientes morrem no hospital, e a polícia investiga. O próprio hospital esconde qualquer tipo de evidência, evitando serem processados.
O filme é um belo suspense clássico, com grandes performances do elenco. Mas no fundo, aproveita para discutir muitos outros temas: o problema da saúde pública, quando a maioria da população não possui planos de saúde e os atendimentos são caríssimos; a corrupção dentro dos hospitais e a solidão de pacientes e população civil nas grandes cidades. Dirigido com firmeza por Tobias Landholm, com um roteiro que transita entre o drama e suspense e na investigação policial com uma tensão que percorre o filme todo.
A última sessão de cinema
"Chhello show", de Pan Nalin. 'A última sessão de cinema", de Pan Nalin. Fazia tempos que eu não chorava tanto com um filme. E no final, fiquei minutos em lágrimas por conta do amor que esse filme indiano declara à sétima arte, citando os maiores cineastas da história, através da narração do protagonista, o pequeno Samay (Bhavin Rabari, extraordinário!!!!), de apenas 9 anos. O filme foi indicado pela Índia a uma vaga ao Oscar 2023, e recebu inúmeros prêmios em festivais.A maioria dos críticos cita o filme como o ''Cinema Paradiso" indiano", mas o filme vai além. Ele conta de forma poética e melancólica sobre o fim do cinema de película e a entrada do cinema digital, com o extermínio de projetores, latas de negativos e as profissões dos projecionistas. Samay (Bhavin Rabari) mora com seus pais e sua pequena irmã numa pequena estação ferroviária no interior da Índia. O pai já teve posses, mas os irmãos lhe roubaram as 500 cabeças de gado. Hoje, ele tem uma barraquinha de venda de chá para vender aos passageiros que descem de trem. Samay ajuda seu pai a vender o chá. Um dia, seu pai leva a família para ver um filme no cine Galaxy, e Samay fica apaixonado pelo filme e pela fotografia. Ele decide ir toda tarde pro cinema ver um filme. Sem dinheiro, ele oferece a comida que sua mãe prepara para que o projecionista o deixe ver filmes na sua cabine, e se tornam grandes amigos. Mas o pai de Samay o proíbe de ver filmes, pois diz que é para vagabundos. Samay junta seus amigos e rouba trechos dos negativos que estão no depósito, e cria um esquema de projetar na parede de uma vila abandonada. A cena onde Samay e os amigos projetam filmes e fazem sonorização amadora é antológica. Outra cena de cortar o coração é quando ele testemunha o destino dos projetores e celulóides na fábrica, após o fim da era da película: viram talheres, tintas e pulseiras. O filme é obrigatório para qualquer cinéfilo, que irá se identificar se forma camaleônica com o protagonista. Um primor.
quarta-feira, 26 de outubro de 2022
Ponte do destino
"Bridge of destiny", de Nguyen Huu Tien (2022)
O filme traz sensualidade nas cenas de sexo, discretas mas bem iluminadas. Em 1999, o filho de um rico dono de terras, Thang, se apaixona por Cuong, um operário. Ambos se tornam amantes. Thang no entanto, tem uma namorada, Ha, que está grávida dele. Quando o pai de Thang descobre que seu filho é amante do Cuong, expulsa o empregado e obriga o seu filho a se casar com Ha. 20 anos se passam. Cuong agora é casado com Trung, uma bela estilista, e possuem um filho adolescente, Ha. Cuong esconde que teve um relacionamento homossexual de todos. O casal é bem de vida e bem relacionado. Até que um misterioso rapaz, amigo de Ha, surge na vida de Cuong, e fará com que ele tenha que resolver traumas do passado.
O filme é bacana, justamente por conta do excesso de melodrama. No entanto, o sub plot do namoro adolescente de Ha com uma garota, e os colegas de escola, acabam tornando o filme longo. É uma sub-trama que não acrescenta nada ao drama principal dos adultos, esse sim sensacional, uma história de vingança com sabor de novelão mexicano.
Jaula
"Jaula", de Ignacio Tatay. Protagonizado pela estrela espanhola Elena Amaya, de "A pele que habito", de Almodovar, "Jaula" é um ótimo suspense como os espanhóis sabem fazer muito bem, e tendo a chancela do mestre Alex de La Iglesia na produção. Elena é Paula, casada com Simón. O casal tem dificuldades para ter filhos, mas não desistem. Ao voltarem para casa, encontram uma menina de 12 anos abandonada na estrada de noite. Levada ao hospital, ela é batizada de Clara, mas ela se recusa a falar. Paula decide levá-la para sua casa, para ver se a família aparece. Estranhamente, coisas vão acontecendo, entre elas, Clara tem o hábito de desenhar-se dentro de linhas de giz. Convidados do casal encontram cacos de vidro na comida. Quando Paula decide ir atrás da polícia para encontrar algo relacionado à menina, ela encontra dados aterrorizantes.
A história de "Jaula" me remeteu imediatamente à história da pequena Madeleine Maccan, desaparecida em Portugal durante férias, inclusive a atriz se parece com ela. Mas o desdobramento da história em um aterrorizante plot twist tem deixado muita gente passada. Com ótimas performances do elenco e um roteiro complexo, o filme prende a atenção do espectador, com um desfecho assombroso.
Scream- The inside story
"Scream- The inside story", de Daniel Farrands (2011)
Documentário que apresenta aos fãs os bastidores do filme “Pânico”, lançado em 1996 e que revitalizou o gênero do terror slasher, que estava totalmente em baixa nos anos 90. Kevin Willianson, o roteirista, era um ator sem grande expressão e com contas atrasadas de aluguel. Ao assistir uma reportagem sobre um serial killer na Flórida que assassinou estudantes, ele decidiu escreveu um roteiro chamado ‘Scary movie”, onde misturava o universo adolescente de John Hughes, terror e comédia. Suas inspirações foram 5 clássicos do terror: "Black christmas, Sexta feira 13", "Halloween", "A hora do pesadelo” e "Quando um estranho chama”. Ele ofereceu o roteiro a vários estúdios, até que a Miramax dos irmãos Weisntein se interessaram. Eles abriram uma divisão na empresa somente para filmes de gênero chamada ‘Dimension films”. Vários diretores foram chamados: Wes Craven, o primeiro, declinou. Depois foram chamados Sam Raimi, George Romero, que igualmente declinaram. Quando Creven soube que Drew Barrymore havia sido contratada e que iria fazer a protagonista Sidney Prescoot, ele ficou interessado. O golpe final foi de um fã de 12 anos que disse que Creven deveria voltar a fazer filmes para o público de terror, e não os filmes que andava fazendo nos anos 90. Faltando 5 semanas para filmar, Drew Barrymore avisou que não queria mais fazer Sidney, e foi um rebuliço na produção. Ela queria fazer a garota do prólogo, pois para ela seria mais instigante o público achar que ela seria a protagonista, mas morreria logo nos 13 minutos. Neve Campbell foi escolhida e assim, todos do elenco, incluindo Courteney Cox, que queria fazer e teve que provar aos produtores que poderia fazer uma Bitchy. A curiosidade vem com a voz de Ghostface: coube ao ator Roger L. Jackson, que nunca mostrou seu rosto para ninguém e ficava escondido no Set, ligando de verdade para os personagens. O filme teve muitos problemas de produção, como cancelamento de locações, cortes da censura e uma bilheteria fraca no início. Mas o filme foi crescendo no boca a boca até se tornar uma das maiores bilheterias do gênero, ficando 31 semanas em cartaz: custou 16 milhões e rendeu 100 milhões de dólares. Gerou 5 filmes da franquia, sendo o último, em 2022.
Wow!
"Wow!", de Claude Jutra. Clássico documentário canadense de 1970, com uma narrativa experimental e que busca linguagem narrativa advinda da Nouvelle Vague francesa, especialmente os filmes de Agnes Varda. Alternando documentário e ficção, o filme traz um prólogo que lembra muito 'Zabriskie point", de Antonioni: jovens explodindo símbolos do capitalismo nas ruas de Quebec. Descobrimos que essas cenas fazem parte dos sonhos de um grupo de 9 jovens de classe média. Cada um deles dá depoimentos sobre sexo, vida e projeção de futuro, através de sonhos narrados e filmados. A cena final é um primor de realização: com linguagem totalmente naturalista, um jovem prepara um haxixe para fumar. Um colega chega, tira a base da caneta e o usa para fumar também, como se fosse um narguilé. Logo o primeiro rapaz começa a ter uma viagem psicodélica, onde ele se lembra de sua infância e as brincadeiras com sua mãe e um porco espinho. Um filme belo, livre de linguagem clássica, com lindos enquadramentos e fotografia. Destaque também para uma cena onde um dos rapazes corre pelado pelas ruas de Quebec, sob os olhos dos pedestres, chocados.
terça-feira, 25 de outubro de 2022
In from the side
"In from the side", de Matt Carter. Um épico romântico LGBTQIAP+, "In from the side" tem 135 minutos de duração e apresenta dois belíssimos protagonistas, ambos jogadores de um time gay de rugby inglês. Os companheiros de equipe de rugby Mark (Alexander Lincoln) e Warren (Alexander King) participam de uma festinha da equipe em uma balada. Bêbados, acabam na cama. No dia seguinte, Warren se desespera: confessa para Mark que namora outro companheiro de equipe John (Peter McPherson). Mark por sua vez namora um homem mais velho. Os dois homens, no entanto, não resistem à paixão e continuam se encontrando às escondidas, escondendo o caso do resto da equipe. À medida que seus sentimentos um pelo outro se intensificam, Mark e Warren começam a questionar suas escolhas e a ameaça de serem expostos paira sobre os dois.
Rodado em lindíssimas locações na Inglaterra e Genebra, o filme tem bela fotografia e cenas do esporte rugby muito bem filmadas. No entanto, sua excessiva duração, e um roteiro clichê sobre relacionamentos e traições, não sustentam seus 135 minutos. É um novelão, com cenas de sexo assépticas e sem tesão.
Os retaliadores
"The retaliators", de Samuel Gonzales jr, Michael Lombardi e Bridget Smith. Premiado em diversos Festivais de filme de terror, 'Os retaliadores" é uma produção independente americana que traz referências a clássicos dos anos 80, como "The evil dead" ou "Quadrilha de sádicos". A história se passa em arredores de New Jersey, onde um pastor, Bishop (Michael Lombardi, um dos diretores), prega na sua igreja. Ele é apaixonado pelas suas duas filhas, a adolescente Sarah e a pequena Rebecca. Quando Sarah vai para uma festa, enquanto coloca gasolina, ela testemunha um traficante colocando uma vítima em seu porta malas. O traficante, Ram, persegue Sarah e a mata. Bishop, arrasado, decide buscar vingança, e encontra apoio no delegado Jed, que teve sua esposa assassinada por um serial killer que ele havia colocado na prisão há anos e que agora está solto.
Os agitadores
"Os agitadores", de Marco Berger. O cineasta argentino Marco Berger é dono de uma filmografia facilmente identificável e que se mostra presença obrigatória em qualquer Fetstival queer do mundo. Celebrado como uma das vozes mais potentes do cinema LGBTQIAP+, Berger durante boa parte de sua trajetória trabalhou em conjunto com o fotógrafo Marco Farina. Aqui, é a primeira vez em que não trabalham juntos, mas a estética e linguagem continua a mesma: muitos planos estilizados, como um grande comercial, mostrando corpus totalmente nus de um elenco de dez dos mais belos homens da Argentina, sem nenhum puder em cenas onde o homoerotismo se faz presente com força total. Muito tesão, voyeurismo, e para quem assistiu a outros filmes do cineasta, como "Taekwondo", que lembra bastante esse aqui, sabe o que irá encontrar.
Um grupo de 10 amigos, jogadores de hockey, passam uma semana na rica mansão de um deles, isolada. Entre brincadeiras idiotas de machos heteros repletos de masculinidade tóxica, misoginia, homofobia, a todo momento fazem piadas sobre gays, pegando nos pênis um dos outros, nas bundas, simulando sexo anal. Um deles é gay enrustido, e com medo de seus amigos o rejeitarem, ele se sente oprimido. Até que a violência explode.
Bom, qualquer apreciador de Marco Berger sabe que o que menos importa é o roteiro. Tensão sexual é o ponto de partida, sempre, com muitas cenas em closes de genitais e corpos sarados. Fico bobo pensando aonde Berger consegue escalar todo esse elenco, que podem não ser atores fodas, mas cumprem os seus personagens com dignidade.
Two and one
"Two and one", de Ivan Andrew Payawal (2022)
Drama romântico LGBTQIAP+ filipino, "Two and one" exala sensualidade e muito homoerotismo ao longo de suas quase duas horas de duração. O filme apresenta dois rapazes, Tino (Miggy Jimenez) e Chan (Paolo Pangilinan). Ambos se conhecem em uma viagem de ônibus e papo vai, papo vem, já se apaixonam. Eles namoram, passeiam, até que no dia da primeira noite do sexo, descobrem que ambos são ativos sexualmente. Sem largarem mão de suas posições sexuais, eles procuram manter o relacionamento, mas chega uma hora que se torna tediosa. Ambos decidem ir em busca de uma terceira pessoa, Joaquin (Cedrick Joaquin), um trabalhador local da praia que concorda ser o passivo na relação dos dois namorados. Mas o ciúme e a traição logo toma conta do jogo.
segunda-feira, 24 de outubro de 2022
Terrifier
"Terrifier", de Damien Leone (2016)
Cult de terror splasher (gênero onde o gore vai a nível extremo) lançado em 2016. O filme amealhou legião de fãs, que acabaram bancando a realização da parte 2 em 2022, famoso na mídia por fazer espectadores desmaiarem e vomitarem nas salas de cinema.
Raymond e Ray
“Raymond e Ray”, de Rodrigo Garcia (2022)
Escrito e dirigido pelo colombiano Rodrigo Garcia, filho do escritor Gabriel Garcia Marques e realizador do cult “Coisas que você pode dizer só de olhar para ela”, “Raymond e Ray” ‘um belo melodrama protagonizado por Ethan Hawke e Ewan Macgregor, ambos na casa dos 50 anos e bastante maduros fisicamente, e é um prazer assistir ao embate desses dois grandes atores em cena, acrescentado do talento de Mariel Verdu e de Sophie Okonedo.
Raymond (Ewan MAcgregor) chega na casa de Ray (Ethan Hawke). Os dois meio irmãos, de mães diferentes, tiveram uma vida infernal com o pai Harris, um abusador. Raymond anuncia que o pai faleceu e cujo último desejo era que os dois irmãos cavassem a cova dele, juntos. Ray hesita, pois o trauma que tem do pai o impede de expressar qualquer tipo de afeição. Raymond, por sua vez, também odeia o pai: ele transou com a esposa de Raymond e cujo filho na verdade, é filho de Harris! Nessa confusão familiar, repleta de traições e mentiras, os irmãos acabam se convencendo de cumprir o desejo do pai. Eles conhecem a viúva de Harris, interpretado por Verdy, e a enfermeira dele, Okonedo.
Um filme cuja força é o talento dos atores, todos ótimos. O roteiro não traz muitas novidades ao gênero de irmãos que se reconectam com passado traumático, mas a bela fotografia e a direção segura e delicada de Garcia fazem o filme ser visto.
K
"K", de Juan Simons. Excelente curta LGBTQIAP+ espanhol, retrata o universo toxico masculino na relação entre um garoto de programa, K, e seu amante, Nelson, que mora com seus pais conservadores e mantém como fachada um romance com uma garota. No dia do aniversário de Nelson, K faz programas para poder pagar um par de tênis que Nelson tanto quer, mas esse, que havia prometido passar a noite com K, acaba passando a noite com sua namorada.
domingo, 23 de outubro de 2022
Argentina 1985
"Argentina 1985", de Santiago Mitre (2022)
Impossível não cair em prantos de comoção ao final de ‘Argentina 1985”, quando surgem as fotos de arquivo reais de muitos dos personagens retratados no filme. O filme foi indicado pela Argentina ao Oscar de filme estrangeiro 2023, e recebeu diversos prêmios internacionais, entre eles, em San Sebastian e o Fipresci do Festival de Veneza 2022. Protagonizado pelos esplêndidos Ricardo Darín e Peter Lanzali (super galã protagonista de “O anjo”, “O clã” e “4X4”), o filme traz a história real do promotor Julio Strassera (Ricardo Darin) e seu vice, Luis Moreno Ocampo (Peter Lanzani), incumbidos de comandar um tribunal civil em 1985 cujos réus eram nada mais nada menos que 9 dos maiores criminosos militares da ditadura da Argentina que durou 7 anos e provocou milhares de assassinatos e desaparecidos políticos, entre eles, o General Videla. A Argentina tornou-se democracia em 1983, e em 1985, pela primeira vez na história, uma tribuna de civis estava condenando réus militares. Os promotores, junto de seu grupo formado por jovens advogados, e estavam sendo ameaçados anonimamente. Os militares se recusam a aceitar a legitimidade do tribunal, alegando só receberem ordens de um tribunal formado por militares. Testemunhas são convocadas, mas muitas desistem, com medo de represálias. Os promotores t6em apenas 5 meses para colher depoimentos e provas para condenar os réus, caso contrário, nada acontecerá com eles.
O depoimento mais emocionante é o de Adriana Calvo de Laborde (Laura Paredes), sequestrada e torturada enquanto estava grávida, dando a luz para sua filha ainda sob o controle dos militares.Com uma performance extraordinária da atriz, em um monólogo arrebatador, o filme se mostra uma aula de cinema, de pesquisa história, reunindo um time de artistas brilhantes, com excelência técnica. Um filme obrigatório para se refletir o mundo em que vivemos, constantemente ameaçados em nossa liberdade em países democráticos.
sábado, 22 de outubro de 2022
Slayers
Matriarca
"Matriarch", de Ben Steiner (2022)
Terror co-produzido por Estados Unidos e Inglaterra, mas com atores ingleses. O filme busca na literatura do folclore celta a base para a história, mais precisamente, a Deusa "worn eater". O filme se aproxima de filmes como "O homem de palha", com elementos de rituais e sacrifícios.
sexta-feira, 21 de outubro de 2022
Terrifier 2
"Terrifier 2", de Damien Leone. Para começar: esse filme não tem como indicar para ninguém assistir. Toda a mídia postou matérias sobre espectadores que desmaiaram e vomitaram durante as sessões, chamando ambulâncias. O filme possui inacreditáveis 138 minutos de duração, e do início ao final do filme, são cenas de assassinatos provocados pelo assassino Art the clow, da forma mais brutal e violenta possível. Todas as mortes possuem cenas esticadas, prolongando a tortura e desespero das vítimas, um sadismo ao extremo. Um exemplo de morte gráfica: uma vítima tem o couro cabeludo arrancado, seus braços arrancados e quebrados, cortada em mil facadas e ainda o assassino joga sabão em pó nas feridas para arrancar a pele e vísceras de forma mais fácil, e isso tudo com a vítima ainda viva.
Para quem busca um tortura porn mais radical que "Jogos mortais", certamente irá amar o filme. O primeiro filme, de 2016, fez enorme sucesso com a crítica e com o público, que de tão fiel, bancou a realização dessa 2a parte. Art the clown ressuscita e decide matar pessoas na noite de Halloween. Sienna e seu irmão menor Jonathan são os mocinhos do filme, mas até Art chegar neles, ele mata todos os amigos deles. O filme, apesar da duração e das mortes horrendas, é realizado como se fosse uma homenagem aos gore trash italianos dos anos 80, mas com mortes mais brutais. Esteja preparado para assistir ao filme, que tem um roteiro sem pé nem cabeça, mas o que interessa aqui é a construção do terror e os assassinatos.
quinta-feira, 20 de outubro de 2022
Está em todos nós
"It is in us all", de Antonia Campbell-Hughes (2022)
Drama independente irlandês, escrito e dirigido pela atriz Antonia Campbell-Hughes, em sua estréia em longas-metragens.
O filme é um drama doloroso, pesado, melancólico, sobre um rapaz depressivo, Hamish (Cormo Javis). Sua mãe morreu e ele decide ir visitar o norte da Irlanda para morar por um tempo na casa dela, de quem esteve afastado. Hamish é um homem solitário, apesar de ter deixado sua namorada em Londres. A sua relação com seu pai é fria, e eles se comunicam via zoom, com o pai morando em Hong Kong. Um dia, ao andar de carro em uma estrada isolada, Hamish acaba batendo de frente com um outro carro. O rapaz, Evan (Rhys Manniot), sobrevive, mas seu colega adolescente morre. O fantasma da morte assombra Hamish, ao passo que Evan não sofre pela morte do colega. Evan, de 17 anos, vê em Hamish em exemplo de masculinidade e se sente atraído por ele. Hamish também sente atração, mas evita uma aproximação maior.
Um filme que discute morte, homoerotismo, depressão, em um mundo onde homens precisam provar o tempo todo a sua masculinidade. Com um ótimo trabalho de atores e uma fotografia premiada no prestigiado Festival SXSW, o filme traz um ritmo bem lento e exige certa paciência do espectador.