sexta-feira, 2 de setembro de 2022

Era uma vez um Gênio


“Three thousand years of longing”, de George Miller (2022)
Uma péssima tradução para o título original e mais centrado na trama “Three Thousand years of longing”, livremente adaptado de um curta escrito por A.S. Byatt, me lembrou o tempo todo de “Tudo em todo lugar ao mesmo tempo”, o cultuado filme protagonizado por Michelle Yeoh. Ambos os filmes tratam sobre solidão em uma grande metrópole através do olhar de uma mulher de meia idade que perdeu seu rumo e busca na fantasia uma fuga para a sua dura e melancólica realidade. Impressionante como o marketing de “Era uma vez um gênio” aponta para um filme de aventura, estilo ‘Aladdim”, e ao assistir ao filme, fui percebendo que esse não é o foco do filme. Poderia dizer que o filme, dirigido por George Miller, mestre por trás dos clássicos “Mad Max- estrada da fúria”, “Babe, o porquinho atrapalhado” e “Happy feet” é uma parábola sobre Amor, desilusão e solidão de mulheres que não conseguem se encaixar em um mundo onde o patriarcado, a pressão por empoderamento e visibilidade simplesmente as sufocam. Alithea Binnie (Tilda Swinton), é professora de filosofia e historiadora. Solitária dede criança, ela sempre buscou nos livros e nos conhecimentos a sua fuga para o mundo que a rodeia. Viajante, ela agora parte para Istambul, Turquia, para uma palestra. Ela se hospeda no mesmo quarto onde Agatha Christie escreveu “Morte no Nilo” para buscar inspiração para um novo livro. Ao visitar um antiquário, ela acaba comprando uma pequena cerâmica. No banheiro, ao limpar a garrafa, Alithea descobre que ela contém um Gênio (Idris Elba. O gênio concede três desejos a Alithea, insistindo que ele está sob o controle de quem o liberta até que eles façam seus desejos. Enquanto Alithea está hesitante, reconhecendo que muitas histórias de Gênio são contos de advertência, o Gênio lhe conta histórias de seu passado, envolvendo outras Mulheres que tiveram a garrafa mas que acabaram por prendê-lo novamente.
Trazendo a literatura oriental ao foco, misturando o conto de Aladdim com as 1001 noites de Sherazade, o filme é um estudo existencialista e filosófico sobre a vida e o amor. Thilda e Idris estão ótimos, e passam quase que todo o filme dentro do quarto do hotel, onde o Gênio lhe conta histórias. O filme é ousado, original, e de fato, engana o espectador desavisado que for achar que vai assistir uma aventura no estilo de Aladdim. O desfecho é belíssimo.

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