Comícios de amor

 "Comizi d'amore", de Pier Paolo Pasolini (1963)

Extraordinário documentário dirigido pelo cineasta italiano Pier Paolo em 1963, após os sucesso de crítica de seus dois primeiros filmes de ficção, "Mamma Roma" e 'Accatone, desajuste social", que retratam a classe marginalizada e a decadência social da Itália pós 2a guerra. Pasolini dirigiu 3 documentários nesse período: La Rabbia, Comizi d’Amore e Sopraluoghi in Palestina per “Il Vangelo Secondo Matteo”. Em 'Comícios de amor", Pasolini alardeou se adaptar ao conceito do "Cinema verdade", sem interferências do seu autor. Adepto do neo-realismo italiano e do uso de não atores, o filme é um curioso e revelador inquérito sobre a sexualidade, que levou Pasolini de norte ao sul de Itália, interrogando intelectuais, operários, camponeses, soldados, burgueses, passantes, jovens, velhos, crianças, homens e mulheres, fazendo-lhes perguntas sobre a sexualidade, num filme realizado no limiar da grande revolução sexual dos anos 60. O filme serviu de base para seu próximo filme, 'O evangelho segundo São Mateus".

Pasolini afirma que a sociedade italiana dos anos 60 vive numa ilusão e se entregaram à decadência do capitalismo, além do pensamento retrógrado e conservador acerca da sexualidade que Pasolini culpa a Igreja católica fortemente presente na Itália. o filme é uma pérola, obrigatório para documentaristas. A câmera, o registro de tantos rostos, a forma como Pasolini conduz as perguntas, tudo traz um primor narrativo que coloca o filme como um dos melhores documentários a que já assisti. Uma aula.