sábado, 17 de setembro de 2022

A catedral


 ‘The cathedral", de Ricky D'Ambrose (2021)

Drama semi-autobiográfico do roteirista e diretor Ricky D’ambrose, “A catedral” é uma pequena jóia, uma obra de arte esculpida em planos de natureza morta. O filme retrata a vida de Jesse, filho do casal Lydia e Richard, dsde seu nascimento até os 17 anos de idade, quando decide estudar na faculdade de cinema. O filme começa em 1987, ano do nascimento de Jesse. Ainda pequeno, ele ouve que seu tio faleceu de uma doença, mas sua família se recusa a dizer exatamente qual doença ( por serem extremamente católicos, se envergonham de dizer que foi de HIV). O filme é todo visto pelo olhar de Jesse, que acompanha a dissolução do relacionamento de seus pais, que se divorciam quando ele tem 10 anos. Os pais de sua mãe maltratam Richard, existe um sem número de parentes e todos possuem questões conflituosas de relacionamento um entre os outros. A forma como o diretor Ricky D’ambrose apresenta a narrativa é muito interessante: para acentuar a questão da memória afetiva de uma criança, na maioria das vezes detalhes de mãos, pés, copos, etc, pois é o que a criança consegue registrar. O filme tem um registro minimalista, elegantemente composto, e as performances são naturalistas, quase como se Jesse tivesse colocado uma câmera e passasse a registar tudo o que acontece ao seu redor. Lembra muito a narrativa de Chantal Akerman, com seu tempo estendido. Paralelo ao filme, surgem imagens documentais e de comerciais que apresentam fatos importantes ocorridos nos Estados Unidos dos anos 80 até o início dos anos 2000. Um belo filme, certamente para cinéfilos. O filme concorreu em Sundance e Veneza.


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