quinta-feira, 13 de junho de 2019
Dor e Glória
“Dolor y Gloria”, de Pedro Almodóvar (2019)
Premiado em Cannes 2019 com a Palma de Ouro de melhor ator para Antonio Banderas, "Dor e Glória"encerra a trilogia do Desejo, iniciada com "A lei do desejo" em 1987 e em seguida, por "Má educação", em 2004. Os 3 filmes são autobiográficos, se envolvem no ambiente do cinema e trazem um realizador de cinema em crise existencial e criativa, trazendo seu passado e seus fantasmas à tona. "Dor e Glória" é o "Amarcord" e "8 1/2"de Almodovar, um retrato comovente e cativante de um Cineasta apaixonado pela sua profissão. Aqui, Almodovar exorciza a figura de sua mãe, belamente interpretadas por Penelope Cruz e depois, por Julieta Serrano; fala de sua relação conturbada com Antonio Banderas, aqui representado por Leonardo Sbaraglia; a sua infância e descoberta dos desejos homossexuais, através da performance encantadora do menino Asier Flores, responsável por uma das cenas mais lindas do filme, que é ele desmaiando vendo um pintor totalmente nu; fala de suas doenças crônicas e de como elas o impediram por um tempo de continuar filmando, e o seu envolvimento com drogas. O que é real ou fictício no filme, cabe ao espectador tentar descobrir. Almodovar joga muitas pistas, muitas bastante corajosas, abrindo seu baú emocional e seu coração para todo o mundo. Os seus eternos colaboradores continuam firmes e fortes: o fotógrafo José Luis Alcaine, o compositor Alberto Iglesias. O filme reserva pouquíssimos momentos de humor, focando na angústia e na frustração de um Artista que parou de criar. Tem uma frase que o Cineasta de Antonio Banderas, Salvador, diz a um Ator, que resume bastante o cinema de Almodovar: "Eu não quero um Ator que faça chorar. Eu quero um Ator que contenha as suas lágrimas."
Particularmente, continuo preferindo "Tudo sobre minha mãe" como meu Almodovar preferido. Mas definitivamente, 'Dor e Glória"está entre seus melhores trabalhos.
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