quarta-feira, 26 de junho de 2019

Atriz milenar

"Sennen joyû", de Satoshi Kon (2001) A animação japonesa sempre foi associada mundialmente ao famoso Studio Ghibli e seus grandes clássicos: "Meu amigo Totoro", "A viagem de Chihiro", "A princesa Mononoke", todos de Hayao Myasaki, alem de outros filmes de cineastas menos conhecidos. Mas existe um Estúdio pouco conhecido do grande público, a Madhouse, que tinha entre seus animadores um dos maiores animadores de todos os tempos, Satochi Kon: 3 dos seus filmes certamente figuram entre as grandes obras-primas do gênero: "Perfect Blue", "Paprika" e "Atriz milenar". Satochi Kon faleceu precocemente, aos 46 anos de idade, e seus filmes tornaram-se cults. "Atriz milenar" é antes de tudo, Ode ao Cinema e ao Amor. Genya, um documentarista, e seu cameraman Eiko, agendam uma entrevista com a grande atriz japonesa, a veterana Chyoko, de 70 anos, mas há mais de 30 anos reclusa e sem filmar. Chyoko mora isolada nas montanhas, solitária. Durante a entrevista, ela diz como entrou no cinema como atriz aos 17 anos de idade, e filmou até os anos 60, protagonizando épicos do Japão feudal, heroína da segunda guerra, filme de monstros e até ficção científica. Mas o que ninguém sabia, e ela confidencia, é que ela entrou no cinema por amor: aos 17 anos, ela conheceu um misterioso pintor, que estava fugindo da polícia. Ele lhe entrega uma chave e diz que ela abre "a coisa mais importante da vida." No dia seguinte ele desaparece, e Chyoko torna-se obcecada em descobrir o paradeiro dele para lhe devolver a chave. Ao descobrir que ele foi para a Manchúria para participar em uma brigada anti-governista, Chyoko decide ser Atriz quando lhe dizem que o filme será filmado na Manchúria, tendo assim, uma chance de localizar o homem. O que torna o filme algo especial e primoroso, e a forma como Satochi narra toda essa história de flashbacks: Genya e seu cameraman participam ativamente das cenas narradas em flashbacks, como testemunhas da narração de Chyoko. A parte final, mesclando a fuga de CHyoko com cenas de suas personagens nos variados filmes, é um primor de roteiro e de edição. Roteiro, direção, trilha sonora e principalmente, o trabalho técnico na fotografia, "envelhecendo"as fotografias antigas, é tudo um desbunde e um olhar apaixonado de Satochi pelo universo que ele tanto prima, que é o da animação. O filme tem uma narrativa complexa, e o final pode deixar muita gente desapontada. Mas todo esse esforço lhe valeu vários prêmios em Festivais Internacionais, merecidamente.

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