segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Feios, sujos e malvados

"Brutti, sporchi e cattivi", de Ettore Scola (1976) Vencedor da Palma de Ouro em Cannes de Melhor Diretor em 1976, "Feios, sujos e malvados" é daquelas obras-primas que o Cinema produziu e que precisam ser revistos de tempos e tempos. Aqui no caso, mais de 40 anos depois de sua realização, o filme continua muito atual em todos os seus temas propostos: abandono social, falta de controle de natalidade, cobiça, aumento da favelização dos grandes centros urbanos, poliamor, travestismo. Em um barraco de favela na periferia de Roma, moram Giacinto (Nino Manfredi, brilhante, um grande astro da comédia italiana), sua esposa, seus 10 filhos e respectivos amantes. Giacinto recebeu uma indenização de um acidente de trabalho que lhe cegou um olho, e por conta disso, seus filhos e esposa desejam roubar seu dinheiro. Machista e bruto, Giacinto não só não colabora com nenhum centavo para a sua família, como ainda traz uma amante para morar com eles. A família resolve entao que está na hora de matá-lo. Mordaz, ousado, polemico, esse filme, baseado em conto de Ruggero Maccari, mostra toda a sordidez do ser humano, mostrando seu lado mais mesquinho e animalesco. Muitas cenas antológicas em um tour de force dos atores que dão vida a personagens em tipos quase Fellinianos. Hoje em dia, o filme abriria um tópico sobre a representatividade da figura feminina, que são apresentadas como objetos sexuais, mas Ettore Sola aproveita para cutucar qualquer tipo de estereótipo. Excelente marcação de cena, planos em giros de 360 graus, e um olhar melancólico sobre uma sociedade decadente. O filme tem uma pegada neo realista italiana, apresentando os moradores e a convivência entre todos de forma documental. Excelente trilha sonora de Armando Trovajoli.

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