sábado, 23 de dezembro de 2017

Arroz amargo

"Riso amaro", de Giuseppe de Santis (1949) Obra prima do Cinema neo-realista italiano, o filme já subverteu alguns ideais do Movimento cinematográfico surgido na Italia no pós Guerra. Foram escalados atores conhecidos, e a produção já teve um orçamento alto capaz de reproduzir na tela cenas épicas com muita figuração e efeitos especiais, como chuva torrencial. O filme também incorporou uma sub-trama policial, fazendo-o se aproximar do cinema noir americano que estava no auge na época. Mas o estilo documental do movimento continua irretocável. Ambientado no Vale do Pó, região do interior da Itália para onde mulheres desempregadas seguiam no mês de maio para colher arroz e ganhar uns míseros trocados. Entre essas mulheres, estão Silvana (Silvana Mangano, no inicio da carreira, uma sósia perfeita de Ingrid Bergman) e Francesca (Doris Dowling, atriz americana seguindo carreira na Italia). Silvana e Francesca são ambiciosas e procuram um meio para sair daquela probreza. Francesca na verdade é uma fugitiva, e se escondeu ali com seu amante, Walter (Vittorio Gassman), após roubarem joias de um Hotel. Silvana se apaixona por Walter e se encanta com o perfume do Poder que ele lhe promete. Ousado para a época, o filme tem como pano de fundo uma extrema sensualidade e erotismo, presente na trama. Um grupamento de soldados se encontra na região, e as mulheres toda noite saem em busca dos homens, para romance e sexo ao ar livre. A câmera e a fotografia do filme impressionam pelos seus belos planos arrojados, de longa duração. As cenas com as mulheres na plantação e na estação de trem também chamam a atenção pela sua grande producao: muita figuração, grandiosidade, o que seria a marca do produtor Dino de Laurentis, aqui com 30 anos, e que futuramente iria produzir alguns dos grandes épicos do Cinema. O tema do filme se aproxima bastante de outra obra-prima, "O tesouro de Sierra Madre", que mostra como a ambição e a cobiça podem destruir vidas inocentes.

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