domingo, 5 de março de 2017

Waiting for B

“Waiting for B”, de Paulo Cesar Toledo e Abigail Spindel (2016) Em novembro de 2016, 12 fãs de Justin Bieber iniciaram um acampamento próximo ao Sambódromo para um show que acontece no dia 29 de março de 2017. Ou seja, 5 meses depois. Se formos pensar em longevidade, os fãs de Justin no Rio se sacrificam mais do que o dobro do que os fãs da Beyonce em São Paulo. Mas o que aproxima esses 2 universos? O mesmo que nos anos 60 aconteceu com o furor dos fãs de The Beatles. Ou em qualquer época seguinte a qualquer cantor ou banda hiper mega pop do Universo. Madonna com certeza teria o seu séquito desde os anos 80, mas os tempos eram outros e a afirmação e determinação da juventude gay era totalmente diferente. Eram poucos os que saiam do armário. No documentário “ Waiting for B”, o que interessa, mais do que essa espera dos fãs para verem seu ídolo, é entender o espelhamento. Quem é o ídolo? O que ela representa? Na maioria dos casos ( e toda entrevista que eu lia sobre fãs de Madonna a resposta era sempre igual) é porque o ídolo foi um baluarte contra a repressão sexual, foi um baita motivador [para a saída do armário. O ídolo sofreu, ( Beyonce é negra, venceu num mundo dominado pelos brancos, segundo uma fã). Para muitos, foram importantes porque os fizeram aprender o inglês, a sonhar com um futuro melhor ( um fã se diz americano, inclusive tendo um codinome em inglês, porém nunca pisou nas terras de Tio Sam). Alguns entrevistados ( maioria gays, mas existem também mulheres simpatizantes, uma delas cover de Beyonce nas boites) apresentam suas casas na periferia, seu lugar de trabalho, sua família. Tem um que trabalha no salão luxuoso e caríssimo de Celso Kamura, que cobra uma fortuna por qualquer serviço, mas ele mora em uma casa pobre em uma comunidade. Através da alegria de um mega show cheio de pirotecnias ( que nem é mostrado), o documentário, brilhantemente, apresenta um mundo triste, cheio de sonhos frustrados, uma geração que insiste em lutar ( na metáfora dos Lgbts que não se abatem nem perante os torcedores de futebol em dia de jogo). Paga-se caro para 2 horas de felicidade. Mas a saída do show é um infeliz reencontro com o mundo real. O filme venceu o prêmio de melhor Filme no Festival MixBrasil 20

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