quinta-feira, 30 de março de 2017

Travessia

"Travessia", de João Gabriel (2016) Não fosse as referências de cidade alta e cidade baixa em Salvador, "Travessia" poderia se passar em Amsterdã em qualquer outra cidade europeia. Nunca a capital baiana foi exibida com tanto cinza e clima melancólico como nesse filme. Não há espaço para mães de santo, axé nem carnaval: música eletrônica, droga sintética e relações vazias e frias/distanciadas que somente produções europeias podem proporcionar. Com essa opção, o cineasta João Gabriel oferece um filme duro, dramático e estilizado. Roberto (Chico Diaz, soberbo) ficou viúvo recentemente. Ele tenta se reaproximar de seu filho Julio (Caio Castro) que ele expulsou de casa quando descobriu que traficava, sem sucesso. Uma noite, embriagado, Roberto atropela um menino de rua e o leva até o hospital. Lá, ele conhece uma enfermeira, com quem terá um caso. No filme, não há espaço para amores verdadeira nem amizades reais. Nesse mundo sem cor e sem alma, João Gabriel dirige os atores de forma bastante competente. O roteiro força bastante a Barra ao mostrar personagens que não se deixam amar, às vezes sem muita explicação. Com ótima trilha sonora e fotografia, um corte de uns dez minutos teria sido mais interessante ao filme, que perde ritmo em alguns momentos.

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