sábado, 4 de março de 2017

Sindicato de ladrões

“On the waterfront”, de Elia Kazan (1954) E’ de lei. Toda vez que revejo essa aula de cinema, eu choro no final. Esse é daqueles filmes que tenho que me obrigar a assistir de tempos em tempos. Aula de Direção, de atuação, de roteiro, de enquadramento, de roteiro, de uso de trilha sonora. No titulo original, que seria algo tipo “A beira mar”, veio a tradução obvia em português “Sindicato de ladrões”. Eles são mais que ladroes. São assassinos, corruptos, achacadores. O filme foi visto por boa parte da comunidade cinéfila americana como uma resposta de Elia Kazan para a acusação de delator que ele sofrera. Como membro do partido comunista, Kazan foi obrigado a delatar seus amigos artistas para a lista Macartista. Desde então ele foi atacado e mal visto pela classe. E o filme é justamente sobre esse tema, só que transposto para o Universo do Sindicato dos estivadores do cais do porto, em New Jersey de 1954. Marlon Brando, discípulo de Elia Kazan no seu famoso Actor’s Studio, que seguia o método de Stanislavsky `a risca, interpreta Terry, um ex-pugilista fracassado que agora trabalha no sindicato dos estivadores, comandado pelo mafioso Jonny Fridnely (Lee J Cobb), que tem afeição por Terry . O irmão de Terry trabalha como braço direito de Jonnhy. Um dia, Terry é usado como isca para matar o estivador Joey, que delatou o jogo escuso de Jonnhy no comando do sindicato. Terry se sente culpado pelo assassinato, pois achava que Joey levaria apenas um susto. Enquanto isso, ele conhece Eddie (Eve Marie Saint), irmã de Joey e disposta a descobrir quem matou seu irmão. Surge também o Padre progressista Barry (Karl Maiden), que quer que os crimes cessem e todos os culpados entregues a justiça, sem derramamento de sangue. Na sequencia, outros crimes acontecem, até que Terry , consciente, resolve botar fim ao comando de Jonnhy. Esse poderoso drama foi filmado de forma naturalista, como se Elia Kazan tivesse ligado a câmera e acompanhasse o que está acontecendo ali. Muito do filme foi rodado em locações externas, algo ainda não usual na Hollywood da época. Ele foi indicado a 12 Oscar, e levou 8, incluindo Filme, diretor, roteiro, Ator, Atriz coadjuvante ( Eve Marie Saint). Lee J Cobb e, Rod Steiger e Karl aAiden estão igualmente brilhantes. Cada um deles tem uma cena chave primorosa. A cena de Rod Steiger, que interpreta Charlie, irmão de Terry, no taxi, é um trabalho formidável de atores. A do padre fazendo a pregação no cais e sendo exculachado pelos estivadores, idem. A fotografia em preto e branco de Boris Kauffman, que depois veio a trabalhar varias vezes com Sidney Lumet, cria um repertório de imagens que ficam em sua mente por um bom tempo. Para quem é Ator, é instigante ver o filme e fazer um paralelo entre Marlon Brando e atores da Actors Studio, e outros do mesmo filme que não são.

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