domingo, 31 de julho de 2016

Nahid - Amor e liberdade no Teerã

"Nahid", de Ida Panahandeh (2015) Maravilhoso filme iraniano, dirigido com extrema sensibilidade e competência pela cineasta e roteirista ida Panahandeh. O filme recebeu inúmeros prêmios Internacionais, inclusive um especial em Cannes na Mostra "Un certain regard". O filme, ousado em todos os níveis, é um drama que faz uma denúncia sobre a condição feminina na sociedade machista iraniana. Com um elenco absolutamente extraordinário ( todos, dos adultos às crianças), o filme evoca grandes clássicos do cinema, como "Manhattan", "Os incompreendidos" e "Um homem, uma mulher". Não fosse as referências à cultura iraniana, eu poderia perfeitamente dizer que "Nahid" seria um filme europeu, tal a sua elegância, sofisticação e beleza visual, bem diferente do que habituamos a assistir em filmes iranianos dos Mestres Makmalbaph e Kiarostami. Nahid é uma mulher divorciada, mãe de Amin, um menino de 10 anos. Seu ex-marido é um viciado em jogos e drogas, e para poder ter a custódia de Amin, Nahid acabou entrando em um acordo judicial: ela não pode se casar nem manter relacionamentos com outro homem. No entanto, para poder viver como mulher solteira e livre de sua família. Nahid acaba devendo o aluguel do apartamento aonde mora, às custas do salário baixo que ela receeb como datilógrafa. Para poder custear a sua sobrevivência e a de seu filho, Nahid aceita se casar em segredo com Masood, um dono de Hotel rico, pai de uma menina. Ela agora precisa esconder a sua relação de seu ex-marido e da família, correndo o risco de perder a custódia de seu filho. O filme tem uma estrutura narrativa bem fragmentada em sua primeira parte, e leva um tempo para entendermos a real intenção de Nahid. Ela, e todos os os outros personagens, agem por sobrevivência, e por isso, praticam atos imorais. É um filme intenso, com forte mensagem social, e que deve ser visto por todos que querem assistir a um trabalho inteligente e arrebatador. O final é um primor.

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