segunda-feira, 4 de julho de 2016
Cleo de 5 às 7
"Cleo de 5 a 7", de Agnes Varda (1962)
Drama romântico clássico lançado em 1962, "Cleo de 5 as 7" acompanha em tempo real duas horas ( na verdade 90 minutos) na vida de Cleo ( Corinne Marchand, exultante). O filme começa com Cleo durante um consulta com uma cartomante que prediz uma tragédia na vida de Cleo. Logo depois descobrimos que ela é uma cantora famosa de canções pop, e muito supersticiosa. Ela está prestes a receber um diagnóstico de um exame médico que ela acredita ser um câncer terminal. Enquanto aguarda o resultado do exame, Cleo passeia pelas ruas de Paris, reencontrando amigos, até culminar no encontro com um soldado argelino prestes a embarcar para a guerra.
Filho de Nouvelle vague, movimento cinematográfico francês que pregava a liberdade total, indo contra o classicismo dos filmes americanos e franceses, o filme trabalha com a montagem em Jump cut e altamente ousada. O filme surge como um delicioso narrativo que une o improviso e o romantismo clássico francês. A cena de Cleo cantando em seu apartamento é lindo. Impressiona como a Camera de Varda passeia por toda uma Paris idílica, lúdica e romântica. Fosse hoje em dia seria impossível filmar nas condições que ela filmou, totalmente despojado. A trilha sonora de Michel Legrand é brilhante e Corinne Marchand é o ideal da mulher romântica e sonhadora que Cleo necessita ser para viver. Revisto hoje em dia, o filme provavelmente sofreria um patrulhamento pela visão machista dos homens que assediam as mulheres( aqui no filme de forma ingênua) e pelo polêmico curta que é exibido no filme, protagonizado por Godard e que fã uma piada em cima da mulher negra.
O cineasta Richard Linklater, da trilogia " Antes do amanhecer" provavelmente bebeu nessa fonte do encontro fortuito entre duas pessoas solitárias nas ruas de Paris.
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