sábado, 26 de março de 2011

Another Year


" Another year", de Mike Leigh (2010)

Como lidar com a felicidade dos outros?

Essa é a premissa que o cineasta britânico Mike Leigh propõe para os espectadores. Com uma temática semelhante ao seu filme anterior, " Simplesmente feliz", em " Another year" Leigh exibe a felicidade que existe na relação de um casal, que passa ano, entra ano, continuam se amando incondicionalmente, e observando tudo o que passa ao seu redor de forma otimista e objetiva, sem crises, sempre tentando entender que a vida é plena e que devemos aproveitá-la de uma forma sábia e inteligente. Já entrando na terceira idade, o casal compreeende que a missão deles está cumprida.
A personagem de Gerri (Ruth Sheen) é uma psicóloga, e trabalha em um centro assistencial. Seu marido, Tom (Jim Broadbent) é um engenheiro geólogo. Os dois possuem um filho, Joe, a a relação dos três é a melhor possível. Um exemplo de família centrada e feliz.
Porém, a felicidade parece apenas existir nesse núcleo. Todas as pessoas que os rodeiam, vivem uma vida de infelicidade e desamparo. Mary (Lesley Manville) é uma secretária que trabalha com Gerri, e são amigas a mais de 20 anos. Porém, Mary não aceita o avanço da idade, e nutre uma paixão platônica por Joe. Alcóolatra, ela convive com o casal, até que a chegada de uma nova namorada de Joe a deixa atordoada e provoca um rompimento na relação dos amigos.
O filme se passa no período de 1 ano. Dividido em 4 blocos narrados através da passagem das estações do ano. O filme foi filmado durante esse período e levou 1 ano para ser finalizado. OS atores, como de costume nos filmes de Mike Leigh, se reuniram por 5 meses, para juntos, construírem o roteiro. Leigh é famoso pelo despojamento que constrói seu roteiro, sempre em colaboração com os atores.
É um filme muito melancólico, e os personagens são construídos de forma muito realista. Difícil não nos identificarmos com algum dos personagens. A atuação do elenco, em particular, a difícil e complexa performance de Lesley Manville, são um ponto positivo. Lesley compõe Mary de forma brilhante, sem cair na caricatura da mulher infeliz com a idade chegando, e alcoólatra.
Exibido no Festival de Cannes em 2010, o filme não levou nenhum prêmio. Não acho o melhor filme de Leigh, como os anúncios têm sugerido. Porém, Leigh continua um mestre na arte de narrar seus filmes, com diálogos bem construídos que provocam empatia com o espectador.
Um pouco longo (129 min) e talvez verborrágico demais, mas ainda assim, um filme impecável, uma quase fábula sobre relacionamentos e amizades feitas e desfeitas com o passar do tempo.

Nota: 8

Nenhum comentário:

Postar um comentário