Um pedaço de céu

"Drii winter", de Michael Koch (2022) Vencedor do prêmio de Manção honrosa no Festival de Berlim 2022, "Um pedaço de céu" é um drama denso suíço, que vem na tradição de filmes angustiantes e depressivos de Michael Haneke e Lars Von Triers. Para quem gosta de filmes que fazem os personagens e o espectador sofrer, como eu, vai amar o filme, que traz um elenco não profissisonal dando vida a personagens contundentes, que discorrem sobre a mortalidade. Nos alpes suíços, em uma região onde boa parte da população vive da pecuária e criação de gado, vive Anna (Michèle Brand), uma jovem mãe solteira, que de dia trabalha como carteira, e de noite, como bartender. Ela está namorando Marco (Simon Wisler, um fazendeiro na vida real), que trabalha em uma criação de gado e é afeiçoado à uma das vacas leiteiras, Olga. A paixão é enorme e a filha de Anna considera Marco como a um pai. Eles se casam e são felizes, até que as dores de cabeça contínuas e desmaios de Marco dão um triste diagnóstico: ele está com tumor cerebral, que faz com que ele se torne uma pessoa totalmente diferente do que era. Três momentos antológicos: duas deleas envolvendo o clássico 'What is love", de Haddaway. Uma no casamento deles, e outra deles em um carro. O terceiro momento é uma filmagem totalmente aleatória de uma cena de musical Bollywood nos alpes, visto por Anna, em busca de um sentido para a sua vida que desmoronou emocionalmente. O filme tem 150 minutos, é longo e lento, e mais, é entrecortado por cenas de um coro grego cantando canções gregorianas. Mas ainda assim é um filme que vale ser visto pelas lindas locações, pela densidade da história, com cenas bastante cruéis, e um desfecho que deixa claro o sentido da vida.