domingo, 4 de agosto de 2019

Sinônimos

“Synonyms”, de Nadav Lapid (2019) Vencedor do Urso de Ouro em Berlin 2019 de Melhor filme e também do Fipresci, “Sinônimos” é dirigido pelo cineasta israelense Nadav Lapid, realizador do também provocador e incômodo “A professora do jardim de infância”, que ganhou remake americano com Maggie Gyllenhall no papel da professora obcecada e psicótica. Os protagonistas dos filmes de Nadav Lapid são assim: frutos de uma sociedade paranóica, competitiva, fria e doente. “Sinônimos” lembra bastante a estrutura narrativa de vencedor de Cannes “The square: a Arte da discórdia”. Ambos narram o filme em estrutura de sketches independentes, falam de nacionalismo, orgulho, Arte e também, abuso de Poder. São relacionamentos onde um tenta tirar proveito do outro, e usam o sexo como forma de empoderamento e dominação. O Ator israelense Tom Mercier, na sua estréia no cinema, impressiona pela sua visceralidade e entrega ao papel de Yoav, um ex-soldado israelense que abandona o seu País e sua Cultura para se aventurar em Paris. Yoav renega a sua língua hebraica e sua cultura israelense, e quer se apropriar da cultura francesa. Ele não se vê como israelense. Yoav constantemente é passado para trás ou é abusado por outras pessoas. Ele é ajudado por um jovem casal francês, Emile e Caroline: ele querendo ser escritor, ela musicista. Emile se aproveita das histórias e Yoav, quando soldado, para escrever o seu livro. Caroline abusa do corpo de Yoav, que é uma máquina sexual. O filme é uma espécie de autobiografia do próprio Cineasta, que assim como Yoav, migrou para a França numa tentativa de ignorar sua herança israelense. Nadav acreditava ter nascido por engano em Israel, até entender que todos os países, de certa forma, possuem seus defeitos e qualidades. O filme abusa de câmera na mão, com cenas com imagens bastante tremidas. O título se refere à tentativa de Yoav decorar o dicionário Hebraico-francês. Com uma mistura de gêneros, que aposta no drama e no humor negro, o filme achincalha o exército israelense, assim como no ótimo “Foxtrote”, mostrando soldados em atividades como canto e violência extremada. O filme fez muito sucesso junto ao público LGBTQ+, inclusive o filme concorreu ao Prêmio Teddy ( dedicado a filmes com temática gay) no Festival de Berlin, devido às cenas homoeróticas envolvendo Yoav e Emile. Mas sucesso mesmo é o ator Tom Mercier, que fica totalmente nú em quase 10% de suas cenas viscerais: em uma cena se masturba, e em outra cena, ao posar nú como modelo vivo para ganhar dinheiro, é obrigado pelo fotógrafo sádico a enfiar os dedos no ânus para dar “verdade” ao personagem que está interpretando. Sem contar o tamanho avantajado de sua genitália.

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