sábado, 3 de agosto de 2019
Mangue-Bangue
“Mangue-Bangue”, de Neville D’almeida (1971)
Filmado em 1971, “Mangue-Bangue” é um filme de contestação de Neville D’almeida, cansado de ter seus filmes censurados pela ditadura militar vigente na época. Revoltado, ele se juntou ao amigo artista plástico Helio Oiticica e juntos, criaram um “roteiro” onde descreviam várias ações, sem diálogos: travestis na Zona do Mangue, área de prostituição; hippies experimentando drogas; galos de briga se engolfinhando, em uma metáfora da tensão e da pulsão animalesca que habita em cada um de nós. E é através desse sentido animalesco que se apresenta a história que costura toda a narrativa: um homem da bolsa de valores ( Paulo Villaça, brutal) começa a passar mal e vomita dentro do prédio da Bolsa. Aos poucos, ele se joga na rua, no esgoto, e acaba como um andarilho na rua. Ele se despe das ruas e vaga nú, defecando e praticando atos escatológicos próprios do animal. No final, ele entra numa floresta, voltando ao estágio do animal antes da evolução humana.
Uma crítica cruel e violenta a todo o sistema vigente na época, e que perdura ainda nos dias de hoje, “Mangue-bangue” apresenta, além de Villaça, Maria Gladys, antológica e visceral, e o próprio Neville, em cenas vibrantes. Um filme experimental, documento da contracultura brasileira e prova viva de que o Cinema já teve seu momento de libertação.
Durante 40 anos, o filme esteve perdido, e jamais exibido no Brasil. A cópia única foi encontrada no Moma de NY, quando foi exibido lá. Restaurado e exibido em 2008, eaocntinua sme cópia existente no País.
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