sexta-feira, 31 de agosto de 2018

O desejável Mr Sloane

"Entertaining Mr Sloane", de Douglas Hickox(1970) lássico cult inglês de 1970, adaptação cinematográfica da peça do dramaturgo Joe Orton, aqui chamada de "O nosso hóspede". Joe Orton escreveu várias peças polêmicas, provocando risos ao falar da morte. Ele foi assassinado aos 34 anos de idade pelo seu amante, que o matou com 9 marteladas na cabeça. Essa história foi filmada por Stephen Frears no longa "O amor não tem sexo", com Gary Oldman e Alfred Molina. Em menos de 3 anos, Joe Orton escreveu várias peças clássicas, até hoje encenadas mundo afora, como "O olho azul da falecida", "O que o mordomo viu", "Brincando com a morte ", "O servo fiel", entre outros. O Cineasta Douglas Hickox dirigiu o também clássico "Teatro da morte", com Vincent Price interpretando um ator Shakesperiano que resolve matar os críticos que falaram mal de sua performance. O texto de "O desejável Mr Sloane" é uma farsa de humor negro, que lembra "Ensina-me a viver" e "Matadores de velhinhas", e também "Teorema", de Pasolini, e na época foi um verdadeiro escândalo, ao falar de Casamento gay, menage a trois, misoginia, fetiche, narcisismo, relacionamento aberto e voyeurismo. Kath (Beryl Reid, brilhante) é uma mulher de meia idade, viúva e solitária. Ao visitar um velório, ela conhece o jovem Sloane (Peter McEnery), um rapaz sedutor que mora no cemitério. Atraída sexualmente pelo rapaz, Kath o convida para vir morar com ela e seu pai. O pai de Kath imediatamente reconhece Sloane como o homem que assassinou o seu patrão, mas Kath não acredita. Ed, irmão de Kath, vem visitar a família e ao se deparar com Sloane, se sente seduzido e o contrata como seu chofer. A partir daí, Sloane passa a ser disputado sexualmente pelos irmãos, até que no final, após matar o pai deles, ele aceita e casar com os dois. Repleto de sensualidade ( e imagino que para a época deve ter sido um mega escândalo , com closes no corpo nu e na cueca branca de Sloane o tempo todo) o filme tem performances arrebatadoras do trio principal. Narrativamente, o filme me lembrou bastante de "Quem tem medo de Virginia Wolf", ambientado quase todo dentro da casa. A atuação de Beryl Reid chega a lembrar a de Elisabeth Taylor, em um personagem patético e constrangedor. Sua caracterização, com vestidinho curto e dentadura, é sensacional. Esse é um texto que valia ser remontado aqui no Brasil, pois fala de temas muito pertinentes, como relação de poder, machismo e depressão na terceira idade.

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