sábado, 18 de agosto de 2018

Ex-Pajé

'Ex-Pajé", de Luiz Bolognesi (2018) Escrito e Dirigido pelo Cineasta e e roteirista Luiz Bolognesi, também produtor do filme junto de Laís Bodanzky, "Ex-Pajé" ganhou Menção honrosa de melhor documentário no Festival de Berlin 2018, além do prêmio de melhor filme nacional no Festiva; "É tudo verdade". Uma frase dita pelo ex-Pajé Perpera Suruí resume a mensagem do filme: "Antigamente me consultavam como Pajé. Hoje em dia, os índios tomam aspirina.". Essa frase ecoa e surpreende durante os quase 85 minutos desse cruel documentário, que fala sobre o etnocídio, ou a morte cultural de um povo, no caso, os Paiter Suruí, uma tribo que habita a Floresta Amazônica em Roraima. O Documentário mostra imagens registradas em 1969, quando o Homem branco chegou na primitiva tribo que nunca havia tido contato com a civilização até então. Mas aí chegou a evangelização, a cultura dos brancos, e agora, quase 50 anos depois, a câmera de Bolognesi apresenta a mesma tribo totalmente aculturada, sem qualquer indício da cultura que um dia, já tiveram. A maioria se veste com roupas civilizadas, frequenta a Igreja evangélica, usa celulares, tablets, video-games. O filme tem como fio condutor o E-Pajé Perpera Suruí. Hoje em dia, sem falar português e sim sua língua nativa, ele trabalha na Igreja Evangélica e usa figurino de Ministro da Paz: camisa e calça social, sapatos. Ele teve que abdicar de toda a sua crendice religiosa e cultura da tribo, pois com a evangelização, o que ele pregava ( espíritos da floresta), foi considerado como culto ao demônio pela Igreja. Com imagens metafóricas, mostrando quase sempre o contraste surreal das culturas branca e indígena. Muitas cenas antológicas, e infelizmente, tristes, sobre o avanço da tecnologia na vida dos índios. A cena final, de Perpera na porta da Igreja evangélica com os índios pregando as palavras de Deus, mas o ex-Pajé olhando para a floresta, é muito tocante.

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